Raspando o cofre
A OGX informou ontem que só tem caixa até o fim de dezembro. A companhia também divulgou documento com apresentações feitas aos credores externos, revelando a demissão de 150 funcionários no fim deste mês, revisões para baixo nas perspectivas de produção do campo de Tubarão Martelo e a negociação para vender a operação de gás natural no Maranhão para a Eneva, ex-empresa do Grupo EBX.
-20,69%
As más notícias derrubaram as ações da OGX em 20,69% no pregão de ontem. Elas terminaram o dia cotadas a R$ 0,23. O desempenho respondeu por 0,77 ponto porcentual da queda do Ibovespa, ou cerca de 80% da baixa de 0,97% do principal índice de ações da bolsa brasileira.
A OGX, de Eike Batista, deve entrar hoje com pedido de recuperação judicial, apurou a reportagem. O pedido deve ser feito apenas no fim do dia, após o fechamento do mercado.
A recuperação judicial é uma medida que busca evitar a falência de uma empresa, protegendo-a temporariamente da execução de suas dívidas enquanto tenta superar a crise financeira.
Caso o pedido seja aceito, a empresa terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação, e os credores terão 30 dias para se manifestar. Depois é marcada uma assembleia de credores para votar se aceitam ou não o plano. O processo inteiro levará até seis meses.
O limite para que a petroleira entre com o pedido de recuperação judicial expira na quinta-feira, quando termina o período de "cura", o prazo concedido antes da companhi-a se tornar oficialmente inadimplente. A partir daí, os credores poderão entrar com medidas judiciais contra a OGX para proteger seu dinheiro ou até pedir a sua falência.
A empresa deixou de pagar os juros de US$ 45 milhões de seus títulos no exterior em 1.º de outubro e, passados 30 dias, torna-se oficialmente inadimplente. Também tem dívidas em atraso com fornecedores, que somam US$ 546 milhões.
A recuperação judicial já era considerada pela companhia desde setembro. Naquela época, contudo, a petroleira tentava renegociar sua dívida com os credores estrangeiros (bondholders) e buscava convencê-los a aportar pelo menos US$ 250 milhões na companhia.
A negociação terminou na semana passada, sem sucesso. Na segunda-feira a OGX anunciou oficialmente o fim das conversas e divulgou informações sobre a proposta feita aos credores. Elas mostram que a situação financeira da empresa é crítica. As dívidas podem chegar a US$ 5,1 bilhões (R$ 11,2 bilhões) e os ativos valem apenas US$ 2,7 bilhões (R$ 6 bilhões).
Mesmo após demitir funcionários e interromper o pagamento a fornecedores, o dinheiro está no fim e só dura até dezembro. Na última semana do ano, a OGX estima que terá caixa negativo de US$ 43 milhões.
Por essa razão, a petroleira corre para tentar levantar dinheiro novo. Ontem à noite, executivos da OGX faziam reuniões em Nova York na tentativa de fechar um acordo com um novo investidor. A petroleira vem tentando levantar o chamado "DIP financing", um crédito especial dado a empresas em que entram em recuperação judicial.
O dinheiro só entrará na companhia após o pedido ser protocolado, mas é fundamental para dar tranquilidade para a empresa enquanto prepara seu plano de reestruturação.
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