A OGX, petrolífera do grupo EBX, do empresário Eike Batista, confirmou nesta terça-feira, em comunicado ao mercado, que não vai pagar a parcela de juros de títulos emitidos pela empresa que venciam hoje. A remuneração (cupom) aos investidores equivale a US$ 45 milhões, segundo a empresa informou em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a OGX, como a companhia está em processo de "revisão da estrutura de capital e do plano de negócios", optou por não fazer o pagamento dos juros. A empresa lembrou que possui ainda 30 dias para adotar medidas necessárias antes que seja caracterizado vencimento antecipado da dívida. A OGX captou em março de 2012 US$ 1,063 bilhão com a emissão de notas seniores com vencimento em 2022.
No comunicado, a companhia informa ainda que contratou como assessores o banco de investimentos Lazard e o BlackStone para coordenar as discussões com os credores envolvidos no processo, entre eles os que possuem as notas sênior emitidas pela OGX Austria.
Um dos principais credores da OGX, a BlackRock, uma das maiores gestoras de patrimônio do mundo, não quis comentar o anúncio do calote nem detalhar se entrará com o pedido de falência da empresa, como esperado pelo mercado.
Ontem, as ações da OGX se desvalorizaram 25% no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo e pressionaram o Ibovespa, que caiu 2,61%. O risco de que a empresa desse um calote já estava no radar do mercado. Na sexta-feira, a companhia confirmou que não havia efetuado o pagamento dos juros de uma emissão de debêntures, previsto para o último dia 25 de setembro. Era um sinal de que a OGX não honraria o pagamento que vence hoje.
Segundo analistas, a empresa deve entrar com pedido de recuperação judicial. Também ontem, o ministro da Fazenda Guido Mantega disse que a situação das empresas do Grupo EBX já causou problemas para a imagem do país no exterior e para a própria Bolsa de Valores, que teve uma desvalorização de 10% em função da queda das ações dessas companhias. Ele disse também que não é o governo que vai solucionar o problema dessas empresas, mas sim o mercado. Sem mencionar a petroleira, a Bovespa enviou comunicado a agentes do mercado informando que a negociação de ativos no mercado a vista será interrompida caso seu emissor apresente pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, ou ainda que ocorra "decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou administração especial temporária no emissor".
Os problemas da OGX começaram em junho do ano passado, quando a companhia reduziu sua previsão de produção do campo Tubarão Azul, na Bacia de Campos, para 5 mil barris de óleo diários em cada um dos dois poços do campo. O número representa um quarto do previsto, de cerca de 20 mil barris. Em junho deste ano, a empresa teve sua nota de classificação de risco reduzido pela Fitch para para "CCC", com perspectiva negativa.