A operadora de telefonia Oi, o grupo mexicano América Móvil, dono da Claro, e a espanhola Telefónica, dona da Vivo no Brasil, fecharam acordo para realizar uma oferta conjunta pela TIM, por cerca de R$ 32 bilhões (US$ 13 bilhões), disseram ontem fontes com conhecimento direto das negociações.
As companhias concordaram em apresentar uma oferta única para os acionistas minoritários e para a Telecom Italia, que detém 67% da TIM, a segunda maior operadora de telefonia móvel do Brasil. Uma oferta poderá ser apresentada em duas semanas, prevendo um prêmio de 5% para controladores e minoritários da TIM. A Oi, América Móvil e Telefónica estariam confiantes que a proposta não encontrará muita resistência dos reguladores brasileiros.
A Telecom Italia, cujo conselho se reúne em 6 de novembro para examinar seus resultados trimestrais, ainda não recebeu qualquer oferta pela TIM, disse ontem o presidente do Conselho de Administração, Giuseppe Recchi. A companhia com sede em Roma disse diversas vezes que o Brasil é um mercado estratégico, mas que consideraria vender a TIM se uma oferta de valor alto fosse feita.
Especialistas ouvidos pela Reuters consideraram, no entanto, a oferta das três concorrentes muito baixa. Na opinião do ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros, o prêmio de 5% não corresponde às expectativas da empresa italiana.
"A TIM tem valor estratégico superior", disse Quadros. "Esse valor não é suficiente para (comprar o) desejo que a Telecom Italia tem no Brasil", declarou, ao comparar a oferta com a operação de compra da operadora de banda larga GVT pela Telefónica, que envolveu cerca de US$ 9 bilhões.
Henrique Florentino, analista da Um Investimentos, também tem a mesma visão. Para ele, o prêmio teria de ser de ao menos 20%. Para Ari Lopes, da consultoria Ovum, a oferta servirá apenas para "testar a água" e verificar qual é a real disposição da Telecom Italia de vender a TIM.
Fatiamento
Caso a oferta seja aceita, as três companhias terão de dividir a TIM. O fatiamento da empresa reduziria o número de concorrentes no Brasil de quatro para três, dando mais fôlego às empresas restantes que sofrem para adicionar clientes, investir em redes de alta velocidade e proteger margens em uma economia estagnada.