A Oi anunciou nesta terça-feira (26) que contratou o BTG Pactual para viabilizar uma oferta pela TIM Participações, num esforço para não ficar à margem na consolidação em curso no setor de telecomunicações no Brasil e um mês antes de um importante leilão de licenças de telefonia móvel de quarta geração (4G).
Em comunicado, a Oi informou que o banco BTG Pactual atuará como comissário "para, agindo em seu próprio nome e por conta e ordem da Oi, desenvolver alternativas para viabilizar proposta para a aquisição da participação detida indiretamente pela Telecom Itália na TIM Participações".
A Telecom Itália detém 67% da TIM Participações. O valor da fatia, a preços de mercado, é de cerca de R$ 18,4 bilhões.
A iniciativa da Oi acontece enquanto a espanhola Telefónica e a Telecom Itália travam uma batalha para adquirir a operadora brasileira de banda larga GVT, propriedade da francesa Vivendi.
Paralelamente, a Claro passa por processo de unificação de suas operações com Embratel e Net, todas companhias do grupo mexicano América Móvil.
A Oi, por estar no meio de um conturbado processo de fusão com a Portugal Telecom, não era vista como provável protagonista na recente rodada de consolidação na indústria de telecomunicações no Brasil.
Entre os grandes grupos de telefonia do país listados em bolsa, a Oi é a que tem saúde financeira mais frágil. A companhia encerrou o segundo trimestre com uma dívida líquida de R$ 46 bilhões, enquanto a da Telefônica Brasil, dona da marca Vivo e controlada pelos espanhóis, era de R$ 2,52 bilhões. A TIM Participações tinha endividamento de R$ 1 bilhão no fim de junho.
No começo de agosto, a Telefónica anunciou proposta de R$ 20,1 bilhões, ou 6,7 bilhões de euros, para comprar a GVT em dinheiro e novas ações da Telefônica Brasil equivalentes a 12 do capital da empresa combinada após a compra da GVT.
Na segunda-feira, quatro fontes disseram à Reuters que a Telecom Italia fará uma oferta de cerca de 7 bilhões de euros pela GVT, que deixará a Vivendi com uma fatia de 15 a 20% no grupo italiano.
Todas as movimentações de consolidação ocorrem ao mesmo tempo em que as operadoras de telefonia se preparam para o leilão da frequência de 700 MHz do 4G, marcado para 30 de setembro.
O preço mínimo total das seis licenças no leilão é de R$ 7,7 bilhões. Além disso, as empresas terão que gastar R$ 3,6 bilhões na limpeza da faixa, atualmente usada pela radiodifusão analógica.
Na semana passada, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, reconheceu em entrevista à Reuters que o processo de consolidação no setor tem influência sobre o leilão de 4G, mas disse que o governo não mudará os prazos. "Isso não é problema nosso", afirmou.