A dinâmica é simples: países com maior crescimento ganham mais medalhas de ouro. Pelo menos esta é a conclusão a que chegaram os autores de um relatório publicado este mês pelo banco de investimentos americano Goldman Sachs, que analisa se as variáveis econômicas, sociais e políticas podem ajudar a explicar e prever o sucesso de um país nas Olimpíadas.
"A partir de análises de dados passados, percebemos que os indicadores têm algum poder de influência, mas, é claro, é um exercício bem humorado", afirma Alberto Ramos, chefe de pesquisas econômicas na América Latina.
Para fazer a previsão do quadro de medalhas, o banco se baseou em um indicador chamado Growth Environment Scores (GES). Os GES analisam seis fatores: condições políticas, estabilidade macroeconômica, condições macroeconômicas, capital humano, tecnologia e ambiente microeconômico.
Com estas informações, é possível fazer considerações sobre o crescimento de longo prazo dos países analisados. E, segundo a premissa inicial, quem cresce mais, ganha mais medalhas. "Uma das partes divertidas de se construir modelos econométricos é que, se eles são razoavelmente bons explicando o passado, podem ser usados para prever o futuro", explica o relatório.
Mas, para Alberto Ramos, nenhum ponto deve ser analisado isoladamente. "Nenhuma das variáveis é decisiva. Há países que têm rendas mais baixa, mas têm bons resultados, graças a outros aspectos", afirma. Fatores como a cultura esportiva, instalações e infraestrutura, treinamento e foco também facilitam a melhora do desempenho.
Além disso, a influência da economia parece ser diferente entre os esportes em alguns, é mais evidente, em outros, nem tanto. "E não podemos esquecer que há uma certa quantidade de medalhas que precisa ser distribuída, independente de qualquer análise. Então, mesmo que um país não melhore em termos de crescimento, às vezes pode melhorar seu resultado de medalhas graças à piora de outros", lembra Alberto.
Londres
De acordo com o relatório, as previsões para as Olimpíadas de Londres demonstram dois padrões: no primeiro, países com ambientes de crescimento superior e rendas mais altas devem ganhar mais medalhas. Neste ano, Estados Unidos e China devem liderar o ranking, com 37 e 33 ouros, respectivamente. A segunda observação é que o fato de o Reino Unido sediar o evento deve ter influência positiva em seu resultado, deixando-o como terceiro colocado, com 30 ouros.
Entre os países que lideram em número de medalhas, tradicionalmente ocorrem poucas mudanças, com repetição de bandeiras nas premiações. No top 10, as estimativas apontam que farão parte cinco dos países do G7 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Itália) e dois do BRIC (China e Rússia).
Previsão de ranking
Confira o ranking previsto pelo Goldman Sachs e o número de medalhas de ouro de cada país.
1. Estados Unidos: 37 2. China: 33 3. Reino Unido: 30 4. Rússia: 25 5. Austrália: 15 6. França: 147. Alemanha: 148. Coréia do Sul: 109. Itália: 1010. Ucrânia: 915. Brasil: 6