No ano passado, o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), foi celebrado como um dos homens que conseguiu arrancar de mais de 150 países o primeiro acordo para facilitar o comércio global. Um ano depois, está numa corrida para salvar o mesmo acordo, refém de exigências da Índia. Em entrevista, Azevêdo fala das dificuldades da OMC, mas avisa: "Não vou jogar a toalha!" A Índia está decidida a manter o bloqueio enquanto a OMC não achar um acordo para subsídios à segurança alimentar. Quais as chances de satisfazê-la?
Os membros estão falando com a Índia. Eu mesmo estou pessoalmente envolvido neste diálogo. Acho que há boa vontade de se encontrar uma solução. A Índia não ganha nada com o impasse, ninguém ganha. A implementação de um acordo não é possível por causa de um bloqueio de um país?
Eu não disse que não é possível. Eu estou dizendo que não está acabado. Não é o ponto final. Eu não joguei a toalha. A toalha está no cantinho do ringue. Sou brasileiro. Brasileiro não desiste. O senhor defendeu reformas na OMC. Faz sentido manter o atual modelo de que tudo tem que ser aprovado por consenso?
Nós nunca vamos abrir mão da regra do consenso. O que temos que encontrar são maneiras de fazer com que o sistema opere com a regra do consenso. Demonstramos isso em Bali, conseguindo um acordo multilateral com consenso, na época, de 159 países-membros. A OMC ficou grande demais para um consenso?
Se tivesse uma dúzia de países, estaríamos no mesmo dilema. O problema está no centro das decisões da OMC entre as grandes economias. As grandes economias não estão em condições hoje de fazer determinados tipos de movimento. Bens primários voltaram a predominar nas exportações do Brasil. Isso é bom ou ruim?
Acho que se o Brasil não fosse um grande exportador na área agrícola seria um pecado. Tem que ter um equilíbrio: aproveitar as vantagens naturais para viabilizar um sistema de produção interna e externa competitiva e promotora de empregos de qualidade e crescimento sustentável.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast