Consulta pública sobre 5G fica aberta até 31 de julho.| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo

Mais de 140 bilhões de medições a partir de milhões de smartphones conectados. Foi essa a amostragem avaliada pela OpenSignal nos três primeiros meses do ano para fazer uma leitura real da experiência de uso da internet móvel em 87 países. Os resultados compõem o relatório "O estado da experiência na rede móvel", que pretende traçar uma referência de avaliação do 5G, que está nos primórdios, é motivo de corrida entre mercados mais maduros (como Estados Unidos, China e Coreia do Sul), mas promete revolucionar o segmento.

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Mesmo às vésperas da nova geração, a internet móvel ainda demonstra lacunas imensas, a depender da região do mundo ou do mercado em que o usuário se conecta à rede. Conforme o relatório, "o 4G tem se tornado mais e mais onipresente, mesmo em mercados em desenvolvimento", mas os parâmetros de avaliação tem abismos entre o topo e a parte de baixo do ranking.

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O relatório: métricas-chave

Os cinco parâmetros definidos pela OpenSignal para avaliar a experiência dos usuários são 1. velocidade de download, 2. velocidade de upload, 3. latência (que é o intervalo desde o momento de captura dos dados até a transmissão do streaming no dispositivo conectado; na prática, mede o quão responsiva é a rede), 4. disponibilidade de 4G (que demonstra a proporção de tempo que o usuário tem conexão disponível) e 5. experiência de vídeo (ranqueada com pontuação de 0 a 100 e que quantifica a qualidade de experiência do streaming com base em fatores como tempo de carregamento e resolução).

Todos têm predominância de europeus, seguidos de asiáticos e norte-americanos na lista dos top 10 melhores desempenhos.

Baixar e subir

Em velocidade de download, a distância já aparece com clareza: na comparação entre as melhores e as piores experiências de uso da rede. A média entre os 87 países é de 17.6 Mbps, equivalente a um terço da transmissão mais veloz, de 52.4 MBPS, encontrada na Coreia do Sul. O desempenho geral é puxado para baixo pelos países que aparecem com velocidades extremamente baixas, como o Iraque, último da lista, com 1.6 Mbps.

Na relação, o Brasil ocupa o degrau de número 50, com velocidade de 13 Mbps, abaixo da média global.

Os uploads são tipicamente mais lentos, o que reduz o gap entre os cenários individuais, com as maiores velocidades em 15 Mbps (Dinamarca e Coreia do Sul) e a menor em 0.7 Mbps (também no Iraque). No Brasil, a medição foi de 4.5 Mbps para subir dados na rede.

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Latência e vídeo

A latência, tempo de espera para o tráfego de dados entre o acionamento por parte do usuário até o momento do streaming, fica abaixo dos 40 milissegundos apenas em 13 países avaliados. A do Brasil é mais do que o dobro do melhor desempenho alcançado, são 71.5 milissegundos contra 30.7 ms registrados na experiência de uso do consumidor de Cingapura.

Já no parâmetro vídeo, nenhum dos países avaliados oferece experiência excelente aos consumidores: a avaliação mais alta alcançada é da Noruega, que somou 74.7 pontos, bem próximo da barreira dos 75 pontos, a partir da qual se abre a categoria 'excelente'. O critério de avaliação coloca o país como tendo oferta de experiência regulare, com 52.1 pontos e em 56º do ranking.

Disponibilidade de rede

No ranking dos 10 mais em disponibilidade de 4G, Estados Unidos e Índia não são os primeiros, mas se destacam em decorrência de rivalidade entre as teles e de estratégias agressivas de mercado promovidas por operadoras, com pacotes de dados ilimitados de baixo custo, por exemplo. Toda a parte de cima da listagem de países avaliados tem mais de 90% de utilização do 4G por parte dos usuários.

O Brasil alcançou medição de 72% de disponibilidade, na posição 69 de 87. Na comparação com a os demais latinos, aparece em 11º, à frente apenas de Costa Rica, El Salvador e Equador.

O que dizer do Brasil?

Relacionado na metade de baixo da tabela em todos os critérios analisados pela OpenSignal, o Brasil tem seu desempenho e desenvolvimento de rede móvel impactado por entraves relacionados à infraestrutura na avaliação de Eduardo Tude, engenheiro e mestre em telecomunicações e presidente da consultoria Teleco.

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Conforme o especialista, o primeiro deles foi o atraso na disponibilização de toda frequência de 700 MHz, ideal para o 4G e que foi finalizada em 2018.

Outro fator apontado por Lude é a dificuldade para a instalação de mais torres e antenas, especialmente em decorrência de leis municipais. "Temos várias cidades [problemáticas], São Paulo é uma delas, Belo Horizonte, Florianópolis, onde você tem uma legislação muito restritiva, leva mais de um ano para a liberação de uma licença", critica o especialista.

O terceiro item listado pelo consultor como freio para o desempenho da rede móvel são valores altos cobrados pelos aparelhos de tecnologia compatível com o 4.5G. "Muitas dessas velocidades [apontadas no relatório] são altas por causa da rede 4.5G. Como aqui a percentagem da população que tem aparelhos compatíveis ainda é pequena, faz com que não se aproveite rede já instalada no país", avalia.

Ainda de acordo com Eduardo Lude, a avaliação que se faz no ranqueamento desconsidera um ponto essencial em telefonia, que é o tamanho do país. A defesa é de que é muito mais fácil garantir a cobertura de uma área 85 vezes menor do que o Brasil, em comparação com o número 01 em disponibilidade de 4G, pior desempenho do país no relatório.

O relatório na íntegra pode ser conferido na página do OpenSignal (documento em inglês).

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