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Telecomunicações

Onde estão os buracos de cobertura?

Os clientes estão mal informados sobre as limitações da cobertura, acusam as operadoras. "Nós vivemos hoje uma crise de desinformação. Quem compra um telefone acha que vai falar com ele em todos os lugares do planeta", diz o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Eduardo Levy.

Segundo a Anatel, as operadoras têm a obrigação de oferecer o serviço em 80% da área urbana que cobrem – não 100%. Também não existe nenhuma exigência quanto à cobertura de áreas rurais e estradas. Mas quem tem um celular percebe que, mesmo nas cidades, é difícil ter a mesma qualidade de sinal do início ao fim de uma conversa. Essa foi a reclamação número um no levantamento da CPI da Telefonia Móvel da Assembleia Legislativa do Paraná.

Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a opção para o consumidor é tentar localizar a operadora que melhor presta o serviço na sua região. "Não dá para tentar colocar o carro onde não tem rua ainda. O usuário está cada vez mais dependente do celular, precisa também estar informado", afirma o especialista.

Apesar de tolerada pela Anatel, a existência de buracos na cobertura não é informada aos clientes na hora da compra do aparelho. E mesmo com a promessa de transparência por parte das empresas, fica difícil ter certeza a respeito de onde o cliente não vai conseguir sinal. Nenhuma das operadoras se prontificou a apresentar mapa de onde ficam os buracos de sombra em todo o estado.

Limitação

No site das empresas existe um espaço para dados sobre o tamanho da cobertura, mas bastante limitado. É possível saber se há sinal apenas em uma cidade, mas não em todo um estado, por exemplo.

As empresas se dizem dispostas a instalar mais antenas para melhorar o sinal, mas reclamam da burocracia restritiva imposta por leis estaduais e municipais – são 15 no total. O prazo para conseguir uma autorização em Curitiba seria de um ano e meio, segundo as empresas.

Regulação

Anatel admite falhas, mas vê problemas com otimismo

Desde o ano passado a Anatel não divulga o índice completo de qualidade do serviço prestado, segundo o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude. "Precisamos dos dados para saber se as operadoras estão melhorando a prestação de serviço", explica. O presidente da agência, João Rezende que participou de um evento em Curitiba na semana que passou, nega. Segundo ele, os dados podem não estar no site, mas estão sendo produzidos.

Sobre o setor estar enfrentando uma crise, Rezende concorda, mas também vê os problemas de forma otimista. "É uma crise boa porque apontou uma deficiência, mas nunca é demais dizer que cada chip vendido na rua precisa ter a contrapartida da infraestrutura por parte das empresas, que são as antenas e a transmissão de longa distância", afirma o presidente.

No começo do mês, durante audiência pública na CPI da Telefonia Móvel, o superintendente de Controle de Obrigações da Anatel, Roberto Pinto Martins, garantiu que a agência está atuando, mas reconheceu limitações na fiscalização. "Temos apenas 1,5 mil funcionários em todo o Brasil. Não quero colocar essa questão para escusar as nossas responsabilidades, mas ela restringe, em certo aspecto, a nossa atuação", explicou o superintendente.

O presidente da agência reguladora discorda. "Ele deve ter colocado no geral, eu acredito muito mais em tecnologia que propriamente em recursos humanos. Acho que a Anatel tem condições de contratar equipamentos para fiscalizar as redes, porque o problema do varejo é falta de investimento nas redes", conclui.

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