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Onde estão os talentos?

Fabio Amaral, gerente da Engerey: escassez de trabalhadores força empresas a dilatar prazos | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Fabio Amaral, gerente da Engerey: escassez de trabalhadores força empresas a dilatar prazos (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

A tarefa de recrutar profissionais não tem sido fácil para os executivos brasileiros. Uma pesquisa realizada pela Manpower, multinacional especializada na área de recursos humanos, ouviu as empresas e constatou que, para 71% dos entrevistados, é grande a dificuldade para encontrar talentos. Os efeitos disso tendem a ser prejudiciais para 59% deles, que consideram o fato uma fonte de impacto médio ou alto perante clientes, investidores e a própria empresa. Foram ouvidos 40 mil empregadores em todo o mundo, dos quais 850 brasileiros, de diferentes regiões.

Comparado a 2011, quando 57% relataram dificuldades na busca de talentosos, a realidade brasileira piorou – o índice saltou 14 pontos porcentuais. Em 2010, quando o país começou a fazer parte da pesquisa, a taxa era de 64%.

O cenário brasileiro é desfavorável também quando comparado ao de outras nações: a "taxa de dificuldade" é a segunda mais alta dentre uma lista de 41 países. À frente, liderando, está o Japão, onde 81% dos gestores veem dificuldade para contratar. A terceira colocada, bem atrás, é a Bulgária, com 51%, seguida pela Austrália (50%). A média de 41 países foi de 34%.

"Os dados mostram que se trata de uma questão estrutural. O potencial humano dentro das empresas tem ganhado importância como um diferencial perante o mercado", conta Riccardo Barberis, presidente da Manpower no Brasil.

Para Cristian Kim, diretor regional da Business Partners, consultoria especializada na área de recursos humanos e desenvolvimento organizacional, a realidade brasileira dificulta a busca por profissionais que se adequem às exigências. "Há escassez de talentos em todos os níveis, desde os primeiros estágios até a esfera executiva", diz.

Segundo Kim, o baixo crescimento econômico do país, principalmente até os anos 2000, fez com que as empresas oferecessem poucas vagas, principalmente no nível executivo, o que "relaxou" as exigências de educação formal.

Com a mudança no cenário, graças ao crescimento econômico, a escolha passou a ser mais criteriosa, mas o mercado não acompanhou. "A formação de pessoas ainda é inferior à necessidade, principalmente se compararmos a outros países", afirma Roberto Picino, diretor-executivo da Page Personnel, especializada em recrutamento.

Inexperiência

A pesquisa mostra que, para 40% dos empresários, o maior obstáculo para efetuar contratações é a falta de experiência dos candidatos. Outros aspectos têm importância bem menor – caso da competência (12%) e do entusiasmo (9%).

A inexperiência, além de limitar as opções aos empregadores, também afeta os candidatos, levando-os até mesmo a mentir (leia mais nesta página). "Quem se distancia da experiência se distancia do mercado. Para os jovens que estão começando é fundamental procurar um trabalho o quanto antes", salienta Picino. Com o objetivo de superar essa questão, algumas empresas têm passado a investir em formação, tanto interna quanto externa.

Kim reforça que o investimento deve ser feito em duas frentes: a formação de líderes dentro da própria empresa e a busca por novos talentos: "Preparar um líder dentro da empresa é mais barato e eficaz, mas deve-se treinar também quem vai ocupar seu lugar quando ele for promovido". Para Barberis, a área de Recursos Humanos deve assumir um papel estratégico dentro da corporação. "O RH deve ser integrado ao restante do negócio e não visto de modo separado", diz.

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