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Posto de gasolina na região Sul de Curitiba: um terço dos estabelecimentos visitados pela reportagem cravaram preços em R$ 2,999 | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Posto de gasolina na região Sul de Curitiba: um terço dos estabelecimentos visitados pela reportagem cravaram preços em R$ 2,999| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

3% reajustado em 5,40%, o diesel tem influência direta de apenas 0,01% na inflação, mas pode significar aumento de custo em outros setores como o frete, transporte escolar e transporte coletivo, que deve ser reajustado ainda no primeiro trimestre. Segundo estimativa da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), o aumento do óleo diesel deve significar um reajuste de 3% no custo do frete. "O setor irá sentir um aumento de, no mínimo, 2,5% no custo do frete, podendo chegar até 3% em algumas operações, nas quais o diesel representa mais de 50% do valor do frete", afirma Sérgio Malucelli, presidente da entidade. Segundo o economista do Dieese, Sandro Silva, o impacto do aumento do diesel costuma variar de setor para setor.

Investimentos

O programa de investimentos da Sanepar para o período entre 2013 e 2015, aprovado na terça-feira pelo conselho de administração, soma pouco mais de R$ 2,1 bilhões. A estatal planeja investir R$ 801,8 milhões em 2013, R$ 754,2 milhões em 2014 e R$ 566,1 milhões em 2015.

Postos já remarcaram a gasolina

Da redação

Não deu nem tempo de fazer fila para aproveitar os preços antigos. No manhã seguinte ao anúncio de reajuste de valor do diesel e da gasolina nas refinarias, alguns postos paranaenses já apresentavam aumento de pelo menos 10 centavos no litro da gasolina. O governo federal tinha autorizado que as refinarias reajustassem em 6,6% o valor do combustível a partir das 0h desta quarta, mas o reajuste chegou ao consumidor em tempo recorde.

Donos de postos de gasolina alegam que trabalham com estoques de dois dias, no máximo, e que o novo valor teve de ser passado aos motoristas que abasteceram ontem assim que receberam um novo carregamento reajustado. De 30 postos pesquisados pela Gazeta do Povo em Curitiba, metade já tinha aumentado o preço dos combustíveis. Destes, 10 cobravam R$ 2,99 pela gasolina. Um dia antes, o maior valor registrado na cidade era de R$ 2,89.

De acordo com o proprietário do posto Torralba, Alberto Neubeuer, a margem de lucro dos estabelecimentos é apertada e o aumento do valor nas refinarias será repassado integralmente aos motoristas. "O nosso lucro vem da quantidade vendida e não da margem", afirma. Ele explica que os aumentos chegaram rápido às bombas em função dos baixos estoques dos postos. "As distribuidoras trabalham atualmente com uma reserva muito pequena de combustível. No posto, um estoque dura no máximo dois dias", explica.

Alta generalizada

A barreira dos R$ 3 foi ultrapassada em várias cidades do estado. Em Cascavel, um posto passou a cobrar R$ 3,29 o litro da gasolina. Em Maringá, onde o preço médio há dez dias era um dos mais baixos cobrados em todo o Paraná, o repasse do reajuste chega a 9%.

O proprietário de um posto maringaense, Paulo Henrique Vital, justifica o aumento instantâneo. "A ideia era fazer uma compra grande nesta quarta-feira para estocar combustível e manter os preços mais baixos por mais tempo, o que não será possível", explica. Ele afirma que esperava que o aumento fosse anunciado somente em fevereiro. No litoral, o valor médio da gasolina já é de R$ 3,05.

A Petrobrás também reajustou o preço do diesel em 5,4%. O combustível, que semana passada era vendido, em média, a R$ 2,06 na cidade, agora já é encontrado a R$ 2,29. Nestes casos, o aumento repassado ao consumidor ficou em mais de 11%, o dobro do registrado na refinaria.

Desde junho do ano passado, este é o terceiro reajuste anunciado pela Petrobrás para o diesel: cerca de 4% de aumento em junho e outros 6% em julho.

(Colaboraram Pedro Brodbeck, Luiz Carlos da Cruz, Oswaldo Eustáquio, Derek Kubaski, Marcus Ayres e Tatiane Salvático)

  • Remarcações em Cascavel: na cidade do Oeste, os preços chegaram a R$ 3,29

A redução de 18% na tarifa de energia para os consumidores domésticos tem potencial para neutralizar o aumento nos preços dos combustíveis na inflação de Curitiba. Segundo estimativas do Departamento In­tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o saldo dos anúncios dos últimos dias é deflacionário. Mas resta uma grande incógnita: o transporte coletivo, que deve subir nas próximas semanas e sofre pressão adicional com o reajuste de 5,4% do óleo diesel às distribuidoras.

Em 2012, o peso da energia elétrica na composição do Índice de Preços ao Con­sumidor Amplo (IPCA) de Curi­tiba em 2012 foi de 3,37%. Se­gundo o economista Sandro Silva, do Dieese, a redução de 18% na tarifa do consumidor residencial terá impac­to de -0,67% no IPCA da capital. "O impacto direto da queda da energia é quase três vezes maior que impacto do aumento da gasolina", afirma.

Depois de um aumento repentino em novembro – alta de 13,2% de outubro de 2012 a janeiro deste ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo – os postos de Curitiba começaram a aplicar o novo reajuste de 6,6%. Em dezembro, a gasolina tinha peso de 4,57% no IPCA da capital. Segundo o Dieese, considerando a composição do combustível, que leva 20% de álcool, o aumento justificável seria de 5,68%, com impacto de 0,25% na inflação. Ontem, o governo anunciou a elevação da mistura de álcool a 25%, a partir de 1.º de maio.

Além dos combustíveis, a desoneração da energia será suficiente para neutrali­zar o au­men­to da água. Con­siderando o reajuste de 10,62% pedido pela Sanepar, o impacto na inflação da capital seria de 0,18%. Mesmo somados, os porcentuais de impacto da tarifa da água (0,18%) e dos combustíveis (0,25%) ainda estão abaixo da redução da tarifa de energia (-0,67%).

Perspectiva

Segundo o Dieese, a previsão é de que até março a inflação continue acelerando, porque já vinha numa tendência de alta desde o segundo semestre de 2012. "A partir do segundo trimestre a expectativa é de desaceleração, com destaque aos alimentos que, por questões de safra, devem ajudar a frear o avanço".

Segundo o diretor de esta­tísticas do Ipardes, Daniel No­jima, a tendência de inflação para o início do ano é de alta. "O combate ao aumento dos preços vai ser bastante árduo no primeiro semestre, com o avanço dos preços administrados. Além disso, o reajuste da gasolina vai ter impacto importante, pois é um cenário que já não estava bom desde o aumento de novembro".

Sanepar pede revisão e conta de água pode subir 10,62%

Fernando Jasper

A conta de água dos paranaenses pode ficar até 10,62% mais cara neste ano. O pedido de reajuste na tarifa de água e esgoto foi aprovado na terça-feira, em reunião extraordinária do conselho de administração da Sanepar. O índice solicitado pela empresa é bem superior à inflação acumulada em 12 meses – em 2012, o IPCA subiu 5,73% na Região Metropolitana de Curitiba e 5,84% na média nacional.

O pedido da Sanepar será enviado ao órgão regulador, o Instituto de Águas do Paraná (Ipáguas), que vai avaliar se ela tem mesmo direito a um aumento tarifário, e de que tamanho. Na sequência, informou a companhia, "o eventual reajuste será encaminhado ao governador do Paraná para sua homologação" e "passará a vigorar 30 dias após a publicação do decreto estadual". Nos últimos dois anos, os aumentos entraram em vigor em abril.

Se confirmado, o reajuste será o terceiro da gestão de Beto Richa. Depois de ficar congelada entre 2005 e 2010, no governo de Roberto Requião, a tarifa subiu 16% em 2011 e 16,5% em 2012, o que resultou em uma alta acumulada de 35,1% em dois anos. Na ocasião dos aumentos, o governo afirmou que o objetivo era recuperar a defasagem da tarifa – que, após seis anos sem alterações, teria chegado a 33% em janeiro de 2011, no início do atual governo.

Segundo o Dieese-PR, desde 1994 a tarifa de água e esgoto no Paraná subiu 358,92% e a inflação, 301,09%. De 2005 até agora, no entanto, a tarifa acumula uma defasagem de 5,4% em relação à inflação.

Mais despesas

Questionada sobre os motivos do novo aumento, a companhia afirmou que não iria se manifestar. Seu balanço mais recente mostra que, de janeiro a setembro de 2012, as despesas operacionais aumentaram 21,5% em relação a igual período de 2011, atingindo R$ 553,1 milhões. O crescimento foi puxado principalmente por "despesas gerais e administrativas" (que subiram 33,1%) e gastos com plano de saúde e previdência (+37,4%).

Mais lucro

O forte crescimento nas despesas não chegou a ofuscar o lucro da Sanepar – ele saltou 43,1%, passando de R$ 209,8 milhões nos nove primeiros meses de 2011 para R$ 300,3 milhões no mesmo período de 2012. Nesse intervalo, a margem operacional da empresa subiu de 20,9% para 25,1% e a rentabilidade do patrimônio líquido, de 9,3% para 12,4%.

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