O Brasil não vai conseguir acompanhar nem mesmo o crescimento médio da economia mundial em 2014 e 2015, e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) terá um desempenho mais fraco até mesmo que os países ricos que ainda sentem o peso da crise.

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Dados divulgados nesta quarta-feira, 21, pela ONU revelam que o crescimento do PIB nacional no ano será de apenas 1,7%. No início do ano, a projeção da entidade apontava para um crescimento de 3%. A ONU também alertou que a expansão da economia mundial será menor do que se imaginava e esse freio ocorre justamente por conta do mal desempenho dos mercados emergentes.

No que se refere ao Brasil, a revisão para baixo é a segunda maior feita pela ONU sobre um país e só a Rússia em pleno conflito com a Ucrânia vive uma situação mais dramática.

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Com a redução, a entidade agora projeta que o Brasil vai praticamente crescer no mesmo ritmo da Europa, um continente que pena para sair da crise. A expansão do PIB nacional ainda ficará abaixo da média mundial de crescimento, de 2,8% no ano. Mesmo os países ricos, que ainda enfrentam sérias dificuldades por conta da crise de 2008, já vão crescer mais que o Brasil no ano. Nos EUA, a taxa prevista de expansão é de 2,5%.

"A economia brasileira continua a expandir a uma taxa muito moderada de 1,7% em 2014, com perspectivas magras de demanda de investimentos e pressão cada vez maior para consolidação fiscal" alertou a ONU, que destaca as "crescentes dificuldades" das grandes economias sul-americanas.

Os últimos dados oficiais do governo apontam que a economia brasileira de fato perdeu fôlego ao longo dos três primeiros meses deste ano. O trimestre registrou uma expansão de apenas 0 3% do PIB. Em março, o Índice de Atividade Econômica do BC até mesmo recuou em 0,11%

Para 2015, a ONU prevê ainda um crescimento baixo no Brasil, de apenas 2,8%. O índice é inferior à média mundial, de 3,2%, e bem abaixo dos 4,2% projetados inicialmente pela entidade para a economia brasileira. Em 2013, o Brasil registrou uma expansão de sua economia de 2,3%, acima da média mundial de 2,2%.

O impacto do freio no Brasil será sentido em toda a América do Sul, com uma taxa de expansão de apenas 2,1%. "A Argentina deve sentir uma marcada desaceleração", alertou a ONU. Para a entidade, a Venezuela deve entrar em recessão. Longe da realidade brasileira, o México se aproveitará da recuperação dos EUA e crescerá 3,2% em 2014.

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Revisão

Se na revisão para 2014 o Brasil perdeu 1,3 ponto porcentual e outro 1,4 ponto para 2015, a ONU aponta que a economia mundial também perdeu fôlego. Em média, o crescimento do planeta será 0 2 ponto porcentual abaixo do que estava sendo previsto em janeiro.

Os principais responsáveis, porém, são os emergentes. Esse grupo crescerá 0,4 ponto porcentual abaixo do que se imaginava em janeiro. A taxa deve ficar em 4,7% de expansão para 2014 e 5,1% para 2015. A China terá uma expansão de 7,3%, contra uma projeção inicial de 7,5%.

Na Índia, a taxa será de 5%, 0,3 abaixo da projeção da ONU feita em janeiro. Segundo a ONU, a taxa é 2 pontos porcentuais inferior ao que os emergentes cresciam nos últimos anos.

A única situação mais grave que a do Brasil é registrada na Rússia, país que passou a ser alvo de sanções comerciais por sua atitude na Ucrânia e que viu uma fuga de capitais. A economia russa deve crescer apenas 1% em 2014, contra uma perspectiva inicial de quase 3%.

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Para a ONU, os emergentes ainda sofrem diante das turbulências nos mercados financeiros e não se descarta que haja um impacto ainda maior se países ricos começarem a elevar suas taxas de juros. Segundo a entidade, a fuga de capitais registrada em 2013 e início de 2014 "trouxe de volta para a memória a crise dos emergentes dos anos 90".

Ricos

Já para o mundo desenvolvido, a ONU destaca que 2014 será o primeiro ano depois da crise de 2008 que todos os países registrarão um período de expansão. Nos países ricos, a revisão da projeção aponta para um crescimento acima do esperado, com um aumento de 0,1 ponto porcentual. Para 2014, o crescimento será de 2%, contra apenas 1,1% em 2013.

Mas a ONU deixa claro que, depois de cinco anos de crise, essas taxas ainda são insuficientes para recuperar a produção perdida e começar a criar postos de trabalho. O déficit de empregos chega a 63 milhões de postos de trabalho e reverter essa realidade pode levar décadas. Outra fragilidade é a situação que ainda vive o euro, além de dívidas "insustentáveis".