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Jerry Brito criou com outro pesquisador, Eli Dourado, um site para dar mais transparência à reunião da ONU. Os dois são pesquisadores da Universidade George Mason, nos EUA. Brito também é diretor do programa de políticas para tecnologia da mesma universidade. O WCITLeaks recebe contribuições de forma anônima e já divulgou 74 documentos que dão ideia do teor das discussões às portas fechadas em Dubai. Eli Dourado participa da conferência dentro da delegação norte-americana. Seu colega, Brito, falou à reportagem sobre o projeto.

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Por que criar o WCITLeaks?

Nós estávamos preocupados com a falta de transparência da conferência. Quando os ativistas da internet expressaram preocupação pela primeira vez, eles foram avisados de que os medos eram exagerados, de que não havia ameaça à internet. Sem os documentos oficiais, não havia maneira de contestar isso. Nós decidimos tornar os documentos públicos para que qualquer um possa ver exatamente o que está em jogo.

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Por que nós devemos nos preocupar com esse encontro?

O WCIT definirá um precedente. A internet será governada por um consenso entre engenheiros ou por governos nacionais? A conferência poderá iniciar o processo de mudança para esse último estado.

Quais são as piores propostas? Você acha que alguma delas tem chance de ser aprovada?

As piores estão nos modelos de pagamento para transmissão de dados pela internet, e em cibersegurança. A transmissão internacional de dados pela internet é tipicamente não tarifada. Tanto quem manda quanto quem recebe a mensagem paga pelo seu próprio acesso, mas a troca de dados não custa nada. Os países e as empresas de telecomunicações que poderiam ganhar com outros modelos de pagamento não gostam do atual sistema e querem mudá-lo. E muitas das propostas que supostamente tratam da segurança da rede poderiam deixar a internet menos segura envolvendo a mão morta do Estado.

Você acha que a ONU teria condições de gerenciar a internet?

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Não. A ONU não tem o conhecimento técnico para isso. E também, porque a ONU representa todos os governos, incluindo aqueles com as piores violações de direitos humanos, há um histórico misto de direitos humanos e liberdade de expressão.

Quem controla a internet hoje? Aliás, a internet precisa de um controle?

Nenhuma pessoa ou organização está no comando. As decisões sobre como a internet funciona são feitas na base do "consenso grosseiro e código (de programação) rodando" (o slogan do Internet Engineering Task Force, que rejeita lideranças e acredita na adoção dos melhores padrões técnicos). Esse modelo descentralizado de governança funcionou muito bem, como mostra o inacreditável sucesso da internet.