| Foto: Sossella

Espectadores de uma conferência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), na última quinta-feira, fizeram uma constatação dura: o petróleo pode alcançar US$ 150 por barril, e a administração desses valores vai exigir uma nova estrutura de mercado que seja capaz de tirar o poder da mão dos especuladores. Ninguém quer levar mais medo a uma indústria já preocupada com valores recordes, mas protagonistas desse setor vêm falando nos bastidores em grandes altas, diz Usameh Jamali, um consultor baseado no Kuweit que participou de sondagens no Congresso Mundial de Energia, que realizou-se em Roma na semana passada. "Muita gente acredita que os US$ 100 são sustentáveis e que há uma contínua pressão para cima. Só esperamos que esse movimento se inverta daqui a alguns anos", afirma.

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No passado, segundo Jamali, US$ 20 no preço poderiam ser atribuídos à incerteza política. Hoje, essa conta está em pelo menos US$ 30. "Se o presidente Bush mudasse sua retórica e dissesse que os países consumidores vão trabalhar em conjunto com os novos produtores, o preço cairia imediatamente em US$ 30", acrescenta.

Robert Mabro, diretor do britânico Oxford Institute for Energy Studies, que foi palestrante no simpósio ministerial da Opep, acredita ser impossível prever até onde pode chegar o preço do óleo cru. "Não creio que os US$ 100 sejam sustentáveis", observa. "Os preços podem subir ou cair US$ 20 rapidamente, sem que isso tenha relação com os fundamentos de oferta e demanda."

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Mabro, um conselheiro experiente da Opep, afirma que o cartel do petróleo deve gastar seis meses para pesquisar maneiras de estabelecer uma nova estrutura de preços. E conta que não é o preço alto que prejudica produtores e consumidores, mas a volatilidade. Com os preços "loucos" causando incerteza e as necessidades de curto prazo das companhias de energia, tem sido difícil tomar decisões a respeito de grandes investimentos na expansão da capacidade de refino.

Os preços do petróleo cru caíram fortemente na quinta-feira, depois de uma reavaliação dos estoques de óleo dos Estados Unidos, que eram maiores do que se imaginava. Os preços futuros para entrega em dezembro fecharam a US$ 92,09 – uma queda de US$ 2; no dia anterior a alta havia sido de US$ 3. Os dados do governo americano apontaram uma alta de 2,8 milhões de barris em estoque, num momento em que os especialistas esperavam uma queda de 800 mil barris. Na sexta-feira, os preços voltaram ao patamar dos US$ 94, graças a uma avaliação de que o consumo subiria no inverno do Hemisfério Norte.

Tradução: Franco Iacomini