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Paranaguá

Operadores reclamam de favorecimento no porto

Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" (Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical)

A insatisfação dos armadores internacionais com a implantação, no último dia 5, das chamadas janelas de atracação (agendamento da atracação do navio no porto) teria sido o motivo da eliminação do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) do roteiro semanal do serviço Samba operado pela Hamburg Sud, CSAV Group, CMA-CGM e Maruba. O Samba transporta contêineres em uma rota entre os Estados Unidos e a América do Sul e está sendo transferido para o pequeno porto de São Francisco, em Santa Catarina.

As denúncias de que haveria favorecimento na operação portuária são feitas de forma velada. De acordo com o executivo de uma das companhias que opera no TCP, "algumas empresas estão sendo privilegiadas na definição destas janelas, causando sérios prejuízos às demais".

O executivo diz que a espera para atracação em Paranaguá tem causado prejuízos de milhões de dólares para os operadores. Eles arcam com a demurrage (multa pela espera de um navio), que chega a custar US$ 50 mil por dia. "Estes é um dos fatores que mais inviabilizam aquele porto, somados à deficiência operacional", disse o executivo, que preferiu não ser identificado.

Outro representante de empresas que operam no porto destacou ontem que "existem razões misteriosas que estão afastando os operadores de Paranaguá" e que esse "é um processo contínuo".

O superintendente do TCP, Juarez Moura e Silva, não quis falar sobre o assunto. Ontem mesmo ele teria enviado mensagem a armadores oferecendo o espaço no terminal deixado pelo serviço Samba. Na quarta-feira, ele havia dito que a eliminaçao do TCP da rota marítima não era motivo de preocupação, pois representava "apenas 4,5% da movimentação geral da empresa". O TCP espera fechar o ano com receita de R$ 200 milhões.

De acordo com o chefe de operações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Clauber Ângelo Candian, as denúncias dos armadores "não têm fundamento". Ele disse que o sistema é modelo para outros portos. "As janelas de atracação eram uma reivindicação dos próprios armadores. Testamos o sistema por três meses e quando fomos implantar definitivamente eles (os armadores) queriam que se prorrogasse o prazo ou que se eliminassem as penalidades".

O sistema de janelas está implantado nos berços 214 e 215 do TCP. Os armadores podem requisitar antecipadamente o período de atracação dos navios, desde que cumpram regras determinadas pela Appa, diferentes na maioria dos portos do mundo.

"Nosso diferencial é que o operador tem que cumprir as regras ou é penalizado pela autoridade portuária", disse Candian. Para solicitar a atracação pelo sistema de janela, o operador deve realizar no mínimo 180 movimentações trimestralmente, cumprindo ao menos 50% deste total. Se não cumprir a norma, pode ser suspenso por três meses, tendo que permanecer ao largo do porto até haver lugar no cais. "Nós privilegiamos os operadores com maior volume", diz Candian.

A suspensão também é aplicada aos operadores que descumprem a janela agendada. Em Paranaguá, o navio deve estar na barra uma hora antes da hora solicitada para a janela, o que não ocorre nos demais portos. Segundo Candian, desde que o sistema foi implantado, 34% das operações solicitadas para as janelas não foram cumpridas pelos operadores.

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