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Montadora

Operários da GM são demitidos por telegrama na véspera do ano-novo

A GM (General Motors) iniciou neste sábado a demissão de parte dos funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP).

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Ferreira de Barros, funcionários da montadora receberam neste sábado (28) telegramas comunicando a demissão.

"O que causou bastante surpresa é que as pessoas receberam, no dia 23, uma carta informando sobre o término da licença remunerada e o início das férias coletivas. Aí, hoje, recebem um telegrama comunicando a demissão", diz.

Barros afirma que o sindicato vai questionar as demissões na Justiça. De acordo com o sindicalista, houve na semana passada uma reunião entre a Anfavea (associação das montadoras) e o governo para que o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros populares não retornasse imediatamente ao patamar original de 7% -o que só acontecerá em meados no ano que vem.

Em troca, as montadoras teriam assegurado ao governo que não realizariam demissões, afirma Barros. "Houve quebra de acordo. Por isso, vamos entrar com uma ação para impedir essas demissões", diz.

Em nota, a GM afirma que, com o fim da produção dos modelos Corsa, Meriva e Zafira, "a continuidade das operações da fábrica de automóveis tornou-se inviável".

Por isso, decidiu aprovar novos projetos previstos no plano para renovação do portfólio, no valor de R$ 5,7 bilhões, para as outras unidades que mantém no país -São Caetano do Sul (SP), Gravataí (RS), Joinville (SC), Mogi das Cruzes e Sorocaba (SP).

A empresa diz ainda que, desde 2008, "negociou com o sindicato novos investimentos que permitiriam a aprovação de novos projetos para a fábrica, chegando inclusive a contar com o apoio da sociedade civil joseense, mas não obteve sucesso".

"Foram usadas todas as alternativas trabalhistas, como férias coletivas, plano de demissão voluntária, "lay off' e licença remunerada, para minimizar impactos para nossos trabalhadores", diz o comunicado.

Histórico

Em agosto, a GM decidiu fechar a fábrica de São José dos Campos, onde era produzido o modelo Classic. Segundo a empresa, a produção não era viável.

Dias depois, porém, a montadora voltou atrás e decidiu manter a produção do Classic no local, após negociações com o sindicato.

A GM renovou a maior parte de seus modelos no país entre 2011 e 2012, anunciando investimentos de aumento de capacidade em uma série de fábricas no país.

Porém, desentendimentos entre a montadora e o sindicato de São José dos Campos em torno de flexibilização de jornada e banco de horas fizeram a empresa deixar o complexo produtivo na região fora da maior parte dos investimentos. A GM afirma que a fábrica de São José dos Campos tem o maior custo de produção da companhia no país, mas não informa detalhes.

Além da linha MVA, que no passado produzia também os modelos Meriva e Zafira, o complexo da GM em São José dos Campos tem mais sete fábricas que produzem a picape S10 e o utilitário Trailblazer além de motores, transmissões e outros componentes, empregando cerca de 6.500 trabalhadores no total.

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