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Indústria aeroespacial

Aviões executivos, projeto militar e novas tecnologias vão ditar os rumos da Embraer

Protótipos do KC-390, o cargueiro militar da Embraer
Protótipos do KC-390, o cargueiro militar da Embraer (Foto: Divulgação/Embraer)

Sem 80% da divisão de aviões comerciais, que foi vendida à Boeing e resultou na criação da Boeing Brasil Commercial, o futuro da Embraer pode estar em três áreas, apontam analistas de mercado ouvidos pela Gazeta do Povo: o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor aéreo, o projeto do avião militar KC-390 e a aviação executiva.

Expandir essas áreas vai ser fundamental para a fabricante brasileira de aviões. Mais de um terço da receita veio da área de aviação comercial.

Os primeiros resultados da divisão das empresas só devem começar a aparecer no próximo ano, quando as empresas já estiverem atuando de forma separada. Para este ano, a expectativa da empresa é de entregar entre 187 e 217 aeronaves, entre comerciais, executivas e militares, das quais 24 foram entregues no primeiro trimestre.

“O negócio foi mais importante para a Boeing do que para a Embraer”, ressalta o analista Daniel Herrera, da Toro Investimentos. Com o investimento, os americanos conseguem fazer frente ao consórcio europeu Airbus, que em outubro de 2017, adquiriu a divisão de jatos regionais da canadense Bombardier.

Aviação executiva oferece oportunidades para a Embraer

Uma boa oportunidade para a Embraer, segundo os analistas, está na aviação executiva. Teixeira, da Messem Investimentos, aponta que a empresa brasileira está bem posicionada nesse segmento. “E conta com um amplo portfólio”, complementa Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

O que também ajuda na arrancada na divisão executiva da Embraer, responsável por 14,2% da receita no primeiro trimestre, é a demanda mundial, que está em alta. “O Brasil é um dos principais mercados desses segmento”, destaca Arbetman

Outros fatores que podem ajudar a alavancar este segmento, segundo ele, é a tendência ao crescimento das low-costs na aviação comercial - o que pode atrair o público corporativo - e o surgimento de um novo nicho de mercado: o compartilhamento de viagens executivas.

“A aviação executiva oferece mais comodidade aos passageiros e, em muitos casos, uma remuneração melhor e uma carga de trabalho menor para os pilotos”, diz Arbetman.

A aviação executiva também pode pegar uma rebarba da operação que resultou na criação da Boeing Brasil Commercial. O analista da Ativa Investimentos aponta que o nome Embraer passou a ter um alcance global em todas as áreas, antes mais restrito à aviação comercial.

O programa do avião militar KC-390

Outra oportunidade para a Embraer pode estar no cargueiro militar KC-390. O potencial é grande, aponta William Teixeira, analista da Messem Investimentos: “é que nos próximos 20 anos há perspectivas de substituição dos 2.500 Hercules que estão em operação e o avião da Embraer pode pegar uma boa fatia desse mercado.”

No primeiro trimestre, o programa se concentrou nos preparativos para a entrada em serviço, com a apresentação da primeira das 28 aeronaves contratadas pela FAB para 2019. Foram realizados ensaios de certificação militar no Brasil e nos Estados Unidos. O projeto ultrapassou as 2 mil horas de voo.

A primeira aeronave deve ser entregue após o Salão Internacional de Paris, em junho. A Embraer também tem uma encomenda de cinco aviões de Portugal.

“Ainda é preciso ver qual vai ser a saída do avião”, destaca Herrera, da Toro Investimentos. A aposta da Embraer é a parceria com a Boeing, que pode ajudar a abrir novos canais de vendas para o produto.

Um temor, entretanto, persiste entre os analistas: é o desenvolvimento de novas tecnologias que poderia drenar recursos de outras divisões. “Vai ser uma boa opção para a Embraer se o projeto der certo”, diz Herrera.

Outra questão é como vai se dar o compartilhamento de tecnologia entre os dois parceiros estratégicos do projeto: a Boeing, que tem 49%, e a Embraer, com 51%.

O desenvolvimento de novas tecnologias

Uma frente aberta nesta semana foi o estabelecimento de uma parceria entre a Embraer e a catarinense WEG, que teve uma receita de R$ 2,9 bilhões no primeiro trimestre, para o desenvolvimento de uso de motores elétricos na aviação. “É algo que pode ter impacto no futuro da aviação e poderá contribuir para o fortalecimento da fabricante de aviões nesta nova fase”, aponta Teixeira, da Messem.

Segundo as empresas, a parceria que ocorre nas fases de pesquisa e desenvolvimento pré-competitivo, busca acelerar o conhecimento de tecnologias necessárias ao aumento da eficiência energética das aeronaves a partir do uso e integração de motores elétricos em sistemas de propulsão.

“Os avanços das pesquisas científicas podem tornar energia limpa e renovável um importante viabilizador de uma nova era da mobilidade aérea urbana e regional que seja mais acessível à população”, diz Daniel Moczydlower, vice-presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer.

As pesquisas, que serão realizadas em São José dos Campos (SP) e Jaraguá do Sul (SC), pretendem apoiar a criação de tecnologias inovadoras para gerar oportunidades para evoluções futuras de novas configurações aeronáuticas e possibilidade de desenvolvimento de novos segmentos de mercado.

As tecnologias serão desenvolvidas inicialmente em laboratório e posteriormente serão realizados testes em uma aeronave de pequeno porte, baseada no EMB-203 Ipanema. O primeiro voo está previsto para o próximo ano.

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