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A presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, disse nesta terça-feira (30) que órgãos de controle e fiscalização e uma auditoria interna do banco estatal estão investigando duas linhas de crédito criadas em 2022, no governo de Jair Bolsonaro (PL): o empréstimo consignado do Auxílio Brasil (hoje Bolsa Família) e o programa de Microfinanças.
A concessão de novos empréstimos desses dois programas foi interrompida por ordem da presidente da Caixa assim que ela assumiu o cargo, no começo deste ano. "Desde o meu tempo como conselheira de administração, manifestei preocupação em relação a essas medidas, e as questionei por considerá-las contestáveis, implementadas às vésperas das eleições de 2022 e com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável", escreveu Serrano no Twitter.
"O Consignado do Auxílio Emergencial alcançou a expressiva marca de R$ 7,6 bilhões para 2,97 milhões de clientes apenas na Caixa, sem contar os demais agentes financeiros. Já o programa de Microfinanças envolveu mais de R$ 3 bilhões e atendeu a 3,86 milhões de clientes", acrescentou a presidente da Caixa. Conhecido pelo nome de SIM Digital, o programa de microcrédito voltado a empreendedores incluiu pessoas com CPF negativado.
Segundo a executiva, a inadimplência do consignado se mantém sob controle porque os pagamentos são descontados do próprio benefício. "No entanto, a inadimplência do programa de Microfinanças ultrapassou 80%, e a maior parte das perdas será coberta pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças), aprovado pela Lei 14.438/2022, que utilizará recursos do FGTS", prossegue o texto de Serrano. Apesar desses desafios, a presidente do banco diz que a Caixa "se mantém sólida".
Na segunda-feira (29), reportagem do site UOL afirmou que o índice de liquidez de curto prazo da Caixa despencou no ano passado, pressionado, entre outros fatores, por essas duas linhas de crédito.
Segundo o site, o LCR, ou índice de liquidez de curto prazo, caiu de 400% em 2020 para 170% ao fim de 2022. O índice mede a quantidade de recursos disponíveis para pagar as obrigações de um mês. Em outras palavras, em 2020 a Caixa tinha reservas equivalentes a quatro meses de despesas, e ao fim 2022 elas correspondiam a menos de dois meses. Segundo o site, a defesa de Bolsonaro e do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, não comentaram a apuração.