Você tem uma ideia brilhante. A ideia mais brilhante da sua vida. Uma ideia que vai mudar o mundo.
Com grande relutância [erro #1: relutância], você diz a alguns amigos próximos, os quais vão dizer algo do tipo “talvez dê certo” e “boa ideia”. Você entende isso tudo como um feedback de que você está no caminho certo [erro #2: ouvido “seletivo”].
Você mergulha na pesquisa de mercado e cuidadosamente divide sua ideia com alguns clientes em potencial. A maioria concorda que você tem algo interessante [erro #3: maioria não é número]. A partir daí, talvez faça uma pesquisa mais tarde, ou mais uma rodada de conversas, e você já terá se convencido de que tem em mãos uma grande invenção — com a certeza de que, assim que tiver o produto em mãos (ou o serviço em nuvem), as vendas vão começar a rolar.
Por anos, você tem lido notícias sobre histórias de sucesso da noite para o dia: Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp, FarmVille, Angry Birds, Candy Crush, eBay, Amazon, e, era uma vez, Yahoo [erro # 4 sonhar em ganhar a loteria da startup]. Eu já vi essa história centenas de vezes antes e continuo vendo em cada evento de empreendedorismo em que participo. Também vivi essa história algumas vezes, lá atrás, quando as histórias de sucesso eram Atari, Lotus e Palm.
Por algum motivo, cada onda de empreendedores continua a cometer os mesmos erros, e a maioria segue o mesmo padrão, desde a ideia até o fracasso, em vez de ter uma ideia capaz de tornar uma empresa sustentável. Vamos rapidamente dar uma olhada nesses erros, para que assim você não os repita agora — de novo.
Empreendedores de primeira viagem são frequentemente receosos de que suas brilhantes ideias serão roubadas. Em primeiro lugar, com 7 bilhões de pessoas no planeta, pelo menos 10% de empreendedores, é mais provável que sua ideia não seja a única do tipo. Por outro lado, há pelo menos 6 bilhões de pessoas aptas a pensarem a mesma coisa que você, e elas têm não só ideias, mas conselhos e feedbacks dos quais você precisa para transformar sua boa ideia em algo mais bacana.
Se todo mundo está te falando que sua ideia é legal, então você está fazendo as perguntas erradas. A única exceção para isso é se as carteiras deles serão abertas no fim da conversa e eles insistirem em comprar o que você está construindo. Se não for o caso, então pergunte a eles o que está faltando. Sério, pergunte o que precisa para que eles tirem a carteira do bolso agora para financiar sua ideia. Você precisa ser curto e grosso para entender do que os clientes estão precisando.
Nenhuma quantidade de pesquisas é capaz de dizer se os seus clientes irão comprar seu produto ou serviço. Eric Reis acertou na mosca: a única pesquisa de mercado útil é uma “sales call” com o produto que será vendido em mãos. Seu ouvido seletivo vai rapidamente desaparecer quando 90% ou mais das interações não terminarem em uma venda.
Se você está tentando criar o próximo Instagram/WhatsApp, planejando em vender sua startup sem receita para o Facebook no ano que vem, te sugiro fortemente arranjar um emprego e apostar na Mega Sena. As chances de ganhar a bolada são as mesmas e o nível de estresse é muito menor. Começar a construir uma startup é um estilo de vida que consome sua energia. As chances de achar uma startup que valha um bilhão de dólares são de 1 em um milhão.
Se você vai dedicar os próximos 5-10 anos da sua vida a uma startup, trabalhe em algo que faça diferença para o mundo. Algo que te entusiasme a levantar da cama de manhã e ir para o trabalho. Algo de que sua mãe ficará toda orgulhosa ao contar para os amigos dela. Construa um negócio lucrativo e sustentável que poderá estar funcionando em 5-10 anos, em vez de um negócio cujo único propósito seja ganhar destaque na última onda de sucessos meteóricos, para depois ser jogado fora ou se tornar algo menor.
Ninguém precisa repetir esses velhos erros de novo. É hora de dar o próximo passo e cometer novos erros.
Leia o artigo original no site da Endeavor.