A Copa do Mundo de 2014 não exige investimento pesado apenas em infraestrutura. Apesar de o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, falar em "aeroporto, aeroporto e aeroporto" quando perguntado sobre melhorias para a competição, as cidades que receberão o evento também precisam se preparar do ponto de vista tecnológico. Hoje, em Curitiba, especialistas passarão o dia com lojistas, comerciantes e representantes dos setor bancário em um evento que pretende discutir os gargalos tecnológicos que devem ser superados até 2014.Para Marcelo Castro, diretor-geral do Projeto Copa 2014, o Brasil já se tornou um país altamente dependente de tecnologia. "Nossas eleições são informatizadas, o INSS usa cartão magnético para pagar os benefícios, mandamos nosso Imposto de Renda pela internet, nosso sistema de pagamentos é um dos melhores do mundo", exemplifica. No entanto, como a tecnologia é menos visível que a infraestrutura viária ou hoteleira, afirma, algumas situações correm o risco de serem negligenciadas. "Estaremos recebendo jornalistas do mundo inteiro, executivos que aproveitarão a Copa para fechar negócios, turistas que dividirão pela internet os momentos vividos aqui postando fotos em sites de relacionamento. Como esperar que eles fiquem satisfeitos se não tiverem uma conexão banda larga no hotel?", questiona.
Para o diretor acadêmico do Centro Europeu, Rogério Gobbi, os hotéis de Curitiba devem priorizar a instalação de uma rede banda larga, de preferência sem fio, não apenas nas áreas comuns do estabelecimento, mas também em todos os quartos. "Não podemos mais conceber que um hotel ofereça conexão discada ou que force o hóspede a descer até uma área comum para poder se conectar. Quando viajo, mesmo a lazer, e busco um hotel, não me hospedo em local que não tenha banda larga no quarto", afirma. A seção paranaense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) promete apresentar hoje dados sobre a situação dos hotéis curitibanos em relação à oferta de internet, mas Gobbi estima que todos os hotéis de 4 e 5 estrelas já tenham banda larga nos quartos. "O problema está mesmo nos hotéis menores, mas que também serão muito procurados na Copa", considera. Segundo um levantamento informal feito pelo diretor do Centro Europeu, um hotel de 100 apartamentos investiria R$ 10 mil em equipamento para oferecer banda larga wireless nos quartos. O Crowne Plaza, que tem 88 apartamentos, gasta mensalmente R$ 3,5 mil com a manutenção de seu serviço de banda larga, incluindo manutenção, pessoal e reposição de equipamento.
Bancos
Outro possível gargalo tecnológico, aponta Marcelo Castro, afeta a rede bancária. A equipe do Projeto Copa 2014 estima que os turistas trarão cerca de 1 milhão de cartões bancários, muitos dos quais podem não ser aceitos pelos caixas eletrônicos brasileiros. "É o tipo de coisa na qual pouca gente parou para pensar", descreve Castro. Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), há na capital paranaense 347 agências e 867 postos de atendimento bancários como bancos com vários caixas eletrônicos contam como apenas uma entrada, o número de caixas é ainda maior.
Curitibanos que já hospedaram estrangeiros por meio da rede CouchSurfing contam experiências diversas em relação ao uso de cartões bancários. "Um casal de franceses que veio recentemente ficou inclusive encantado com os drive-thrus de bancos", conta o advogado Jesus Santos. Já o professor Johann Harder de Carvalho precisou "financiar" um jornalista inglês que não conseguia sacar reais em caixas eletrônicos do centro de Curitiba. "Ele ficou meio constrangido", lembra. A Febraban informou que o diretor de Tecnologia da instituição não estaria disponível para explicar como os bancos brasileiros estão se preparando para oferecer compatibilidade com cartões emitidos fora do país.
Serviço:
Seminário Copa 2014: Hoje, das 8h30 às 19 horas, no Centro de Convenções de Curitiba (Rua Barão do Rio Branco, 370, Centro). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no local. Mais informações no site www.projeto2014.com
