Os sites de corretoras de valores estão se tornando um meio importante de distribuição de fundos de investimento, inclusive de renda fixa. Levantamento da XP Investimentos, maior corretora independente (ou seja, que não pertence a banco) do país, mostrou que 10% de seus clientes no Paraná operam exclusivamente em fundos. "Há um ano e meio, esse número era zero", diz Gabriel Leal, diretor de expansão da XP.
Quando foram criados, em 1999, os sites de home broker eram os braços das corretoras para negociação de ações via internet. Nessa função, eles tomaram parte da onda de popularização do mercado na década passada. Nos últimos tempos, agregaram funções e hoje permitem a compra e venda de títulos públicos, contratos futuros e cotas de fundos de investimento.
Os fundos ganharam importância em um período em que as ações deram uma sequência de maus resultados. Em 2011, o índice Ibovespa recuou 18,1%, o terceiro pior desempenho desde o início do Plano Real, em 1994. No ano anterior o resultado também não chegou a ser animador: apenas 1%. "A bolsa apresentou resultados muito ruins nos últimos dois anos. Por isso as pessoas estão procurando menos pelo investimento em ações", confirma Leal.
A XP foi uma das primeiras corretoras a oferecer investimento em fundos via home broker. A empresa criou uma espécie de supermercado financeiro, a partir do qual o investidor pode adquirir produtos de diversos bancos e corretoras, inclusive com valores menores para a aplicação inicial. A opção permite, por exemplo, comparar as taxas de administração cobradas por diversos gestores em produtos da mesma categoria. Além disso, incluiu na agenda da XP Educação um braço dedicado à montagem de cursos ligados ao mercado um módulo que inclui o investimento em renda fixa, fundos imobiliários e outros ativos.
Outra empresa que trabalha com esse tipo de produto é a Octo Investimentos, por meio de seu site, o Rico.com.vc. "Para nós o home broker é equivalente ao internet banking para os bancos. É o lugar onde estão concentrados todos os nossos serviços", diz. Há pouco mais de um mês, a Octo agregou ao Rico a possibilidade de o cliente comprar títulos públicos do Tesouro Direto. Os resultados apareceram rápido. "Nossa custódia [os títulos públicos comprados pelo investidor ficam sub custódia de bancos e corretoras] já aumentou em 50%", diz Mônica Saccarelli, diretora da Octo. "Ainda representa pouco, mas acreditamos que vai aumentar."
A partir da próxima semana, o cliente do Rico poderá encontrar recomendações diárias de títulos públicos, elaboradas pela equipe de analistas da Octo. "Com a integração ao home broker ficou muito fácil comprar os títulos, mas, às vezes, o cliente não sabe o que comprar. Por isso é importante ter uma orientação", diz Mônica.
Com mais opções disponíveis, a tendência é de que as corretoras "segurem" mais o cliente e suas operações, já que ele pode fazer aplicações diversificadas a partir de um só lugar. "Praticamente todo cliente que abre uma conta conosco traz uma carteira de investimento completa, com renda variável, renda fixa, fundos. E faz isso com um só cadastro, o que torna tudo mais simples", diz Leal, da XP.
Plataforma ajuda, mas conhecimento é fundamental
O dentista Leonardo Costa Oliveira, especializado em radiologia odontológica, concentrou seus investimentos de renda fixa e renda variável no home broker. Ele mantém aplicações em bolsa, em fundos de renda fixa e de ações e fundos imobiliários e virou fã. "Comprar fundos pelo home broker é uma coisa muito boa, vai revolucionar o mercado", elogia.
Oliveira investe desde que estava na faculdade, incentivado pelo pai. Nos últimos anos, aproveitou a melhoria das informações a respeito do mercado financeiro para adquirir melhores conhecimentos e diversificar as aplicações. Usuário do home broker da XP Investimentos, ele passou a comparar fundos e taxas e obteve bons resultados. "Consegui melhorar muito a qualidade dos meus investimentos por causa dessa competitividade", conta.
Ele observa, entretanto, que é preciso um pouco mais que disposição para fazer bons negócios. "Tem de ter um pouco de conhecimento: entender o que é o fundo, em que ele investe, quais são as taxas de administração e performance. E conhecer o gestor e a sua filosofia de trabalho", aconselha. "Os bancos e as corretoras têm canais por onde você pode ter acesso aos gestores. Antes de investir, é bom conhecê-lo e ver se você concorda com as suas práticas."
A finalidade desse esforço é fazer o investimento certo aquele que mais se encaixa no projeto de vida do investidor. "Quando você quer fazer um churrasco, não vai ao açougue e pega qualquer pedaço de carne. Você vai escolher um corte especial para a ocasião. O mesmo vale para o investimento", compara Oliveira.