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Jogos

Os games políticos de Jason Roher, sem efeitos ou explosões

Tela de Cultivation, jogo de Rohrer: pelo fim do copyright | Divulgação
Tela de Cultivation, jogo de Rohrer: pelo fim do copyright (Foto: Divulgação)

O desenvolvedor de games Jason Rohrer tem 32 anos de idade, dezenas de prêmios no bolso e a reputação de ser uma das figuras mais cruciais na evolução da linguagem dos jogos. Mas, contrariando todos os estereótipos do programador de games, Jason não é um obcecado por efeitos especiais e explosões, tampouco possui uma larga conta bancária que sustente hábitos excêntricos ou vício em gadgets.

Longe disso: o auto-declarado "artista dos videogames" leva uma vida bastante simples junto à família, na interiorana Las Cruces, no Novo México, EUA. Jason e a esposa plantam quase tudo o que comem, e a bicicleta é o ou único meio de transporte da família, que ainda inclui duas crianças. "Eu tento ao máximo viver de uma forma que reflita as minhas crenças. Em alguns casos, como o do meu software P2P, meu trabalho é uma extensão direta dos meus ideais políticos. A maioria dos jogos que criei explora as minhas crenças filosóficas, e os meus ideais políticos são construídos sobre a minha filosofia de vida", frisa Rohrer.

Um de seus maiores sucessos recentes é o jogo Passage, lançado no fim de 2007, e que virou até tema de palestras sobre design e conceitualização de games. No game, que ocupa apenas uma tira horizontal de 96 pixels de altura no monitor, o objetivo é controlar um bonequinho pixelado pelos meandros de um labirinto. Parece simples, e é, até você começar a perceber que, mais do que um labirinto, o caminho dos protagonistas atravessa o fluxo do tempo – simbolizando nossa passagem pela vida.

Rohrer também atua em outras áreas – não só da programação, mas das artes. Seu site oficial ainda compila contos, ensaios sobre tecnologia, projetos musicais e até um livro infantil escrito em parceria com a esposa. Sua opção pelas temáticas políticas e filosóficas também se estende por esses campos, com projetos de sistemas de publicação literária online, softwares de distribuição de conteúdo anônimo em redes P2P e até um experimento tecno-filosófico sobre direitos autorais.

Os assuntos de seus jogos cobrem temas tão diversos quanto o tráfico de diamantes na África ou o episódio do universitário americano agredido pela polícia com arma de choque durante uma palestra. Jason lança quase todas as suas obras sob licenças gratuitas e é ferrenho defensor do fim do copyright: "Ele não existe sem deixar de infringir o direito à privacidade, além de ser aplicado de forma completamente inconsistente." Sua principal crítica é contra o argumento de que o consumo sem remuneração ao autor é criminoso. "Leio dúzias de livros de graça o ano todo, graças às bibliotecas. Se o mundo fosse reconstruído do zero, elas sequer existiriam".

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