Existe uma noção fatalista de que, em um futuro próximo, os empregos vão ser todos substituídos por robôs — e a chance de alguém com mais de 25 anos de se adaptar a esta nova realidade são mínimas. As mudanças são reais, mas o medo é infundado. Independente da idade, todos que vivem nesta era estão inseridos no mundo digital, e podem se adaptar às mudanças que vêm da tecnologia. A chave para se adaptar a novas realidades é o aprendizado. É o que defende o empreendedor Conrado Schlochauer, que compartilhou suas experiências com um auditório com mais de mil pessoas, no Sebrae Summit.
Não tem muita alternativa. “Uma pessoa que está no ambiente de trabalho de maneira ativa e produtiva vai ter que continuar aprendendo”, possivelmente até os 90 anos de idade, avalia Conrado. Pode parecer um fardo, principalmente para quem já sonhou em largar os estudos depois de concluir uma faculdade ou uma pós-graduação. Mas, na verdade, é uma visão otimista de mundo.
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É verdade que os jovens que nasceram no século 21 costumam ter maior facilidade de transitar entre novidades — tanto aprender novas tecnologias como diferentes formas de trabalhar. Ganham em velocidade. “Mas todo mundo vive este momento do mundo” e pertence, em alguma medida, a esta nova geração.
Celular, papel, caneta. “A gente sempre utilizou tecnologia. O que acontece é que agora ela está se desenvolvendo cada vez mais rápido, então a nossa capacidade de se adaptar para utilizar isso é um grande desafio”, avalia Conrado.
O jeito é repensar o aprendizado. Ampliar horizontes. A educação formal, com suas escolas, cursos profissionalizantes e aulas variadas cumpre um papel importante. Mas o aprendizado pode ter outras dimensões.
Pode ser assistir a um documentário na internet, ouvir um podcast, áudiolivro ou participar de um evento. Independente do formato, o aprendizado deve ser um processo estruturado, feito de forma planejada. Da mesma forma que você reserva algumas horas da sua semana, guardar meia hora por dia para aprender algo novo.
Sobre o futuro do trabalho, o especialista lembra de um fenômeno no início do século 20. O desenvolvimento da tecnologia do telefone permitiu que as pessoas ligassem diretos umas para as outras — o que acabou com a carreira de centenas de milhares de telefonistas, as profissionais antigamente responsáveis por conectar as linhas. Em termos técnicos, virou uma profissão obsoleta. Mas a necessidade de profissionais com habilidade para lidar com pessoas, resolver problemas e conectar pessoas se manteve. Nas décadas seguintes surgiu um número ainda maior de vagas para recepcionistas, para resolver esta demanda.
Aprendizado constante
Empreendedor entusiasta da aprendizagem “para toda a vida”, Conrado Schlochauer é embaixador, no Brasil, da Singularity University. Vinculada a algumas das principais empresas do Vale do Silício (EUA), como o Google, a Singularity oferece cursos online (muitos deles na área de negócios e tecnologia, mas não apenas) no mundo todo, inclusive no Brasil.
Na plateia do Sebrae Summit, em Curitiba, nesta segunda-feira (19), Conrado encontrou uma plateia que tem tudo à ver com a sua crença de que o aprendizado é para todos. Mais de mil pessoas de diferentes idades e origens, interessadas em compartilhar conhecimento (em rodadas de negócio) e aprender sobre inovação. O evento foi organizado pela regional do Sebrae no Paraná.
Uma audiência diversa que, por si só, derruba alguns estereótipos. Primeiro, o de que inovação é exclusividade de startups. Segundo, que as startups sempre por jovens em início de carreira.
“A startup é um modelo cultural mais do que empresarial. É importante disseminar este modelo para o maior número de pessoas. Não pode ser só gente de uma área específica, seja tecnologia ou administração, que tenham de 17 a 21 anos e um piercing”, opina Conrado.
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Nada contra jovens de piercing e cabelos coloridos — eles somente não são os únicos neste universo, que é diverso em termos de idade, gênero, raça, origem social e experiência profissional. E isso é muito bom. O mundo das startups, assim como a lógica da inovação, pode ser acessado por todo tipo de gente. E ser aproveitado em todo tipo de negócio, inclusive naqueles mais “tradicionais”, mas que também se reinventam, como mercadinhos e padarias de bairro.
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