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Fórum Econômico Mundial

Otimismo cauteloso em Davos

O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, partiu para Bruxelas com o apoio dos partidos governistas para novas medidas de austeridade | John Kolesidis/Reuters
O primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, partiu para Bruxelas com o apoio dos partidos governistas para novas medidas de austeridade (Foto: John Kolesidis/Reuters)

"Otimismo cauteloso" foram as palavras de ordem dos banqueiros que participaram da reunião anual do Fórum Eco­­­nômico Mundial, encerrada neste domingo em Davos (Suí­­­ça). Embora tenham persistido as conversas sobre o risco de fragmentação da zona do euro, poucos esperam que isso venha a acontecer, pelo menos no curto prazo.

Para os banqueiros, muita gente ainda está subestimando a oferta do Banco Central Europeu (BCE), de oferecer crédito ilimitado aos bancos por três anos. Segundo um deles, essa política é parte relaxamento quantitativo da política monetária e parte recapitalização dos bancos "pela porta dos fundos", por meio de estímulos ao crescimento dos lucros. O banqueiro acrescentou que ao remover do cenário a perspectiva de uma crise bancária sistêmica, o BCE comprou tempo para a zona do euro.

O otimismo ganhará impulso se a Grécia fizer um acordo nos próximos dias com seus credores privados. A perspectiva de um acordo melhorou depois de se admitir que os provedores oficiais de crédito para a Grécia – a União Europeia, o BCE e o FMI – também sofrerão perdas se um acordo com os credores privados não for suficiente para colocar a dívida grega numa base sustentável.

Qualquer perda para os credores oficiais da Grécia deverá assumir a forma de reduções nas taxas de juros, e não de um perdão da dívida, disse o comissário de Assuntos Econômicos da União Europeia, Olli Rehn. Isso torna menos provável que a Grécia seja forçada a um default (calote) que inclua perdas substanciais para a exposição do BCE à dívida grega, estimada em 45 bilhões de euros, já que isso precipitaria a saída do país da zona do euro.

Chances

A cautela dos banqueiros reflete a preocupação de que os governos dos países da zona do euro não usem da melhor maneira o tempo que estão ganhando. Os desafios são bem entendidos; a controvérsia em andamento sobre uma possível perda de soberania da Grécia (com a instalação permanente de um monitor da UE no país, com poder de veto sobre decisões de gastos, como defende a Alemanha) é um lembrete de que o risco de um acidente político segue elevado.

Há consenso de que tanto a Itália como a Espanha precisam avançar com reformas que impulsionem o crescimento e melhorem a produtividade. Ao mesmo tempo, a austeridade fiscal e a desalavancagem deverão continuar a prejudicar o crescimento. A zona do euro precisa aumentar o tamanho de seus fundos de assistência financeira, de modo a criar uma "firewall" que evite contágios no caso de algum outro país ficar sem acesso aos mercados financeiros. Além disso, Portugal ainda poderá precisar de mais ajuda e muitos acreditam que somente um compromisso claro de transferências diretas de recursos entre governos e de emissões de bônus da zona do euro como um todo poderão convencer os mercados de que a moeda única vai sobreviver.

Enquanto essas dúvidas permanecerem, os bancos continuarão a se preparar para o pior. Muitos usarão o crédito barato do BCE para comprar bônus domésticos, mas a maioria continuará a reduzir sua exposição à dívida de outros países. Os bancos também deverão continuar priorizando a concessão de crédito em seus próprios países, ao mesmo tempo em que reduzem sua alavancagem. As autoridades reguladores de­­­vem encorajar esse processo, ao tentar blindar seus respectivos sistemas financeiros.

Papademos quer nova ajuda

Agência Estado

Antes de partir para Bruxelas, onde participa hoje do encontro da cúpula da União Europeia, o primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, se reuniu com os três partidos que formam a coalizão de governo da país, na qual as lideranças políticas se comprometeram a apoiar uma nova série de medidas de austeridade, para que o país possa receber um novo pacote de ajuda financeira. Em breve declaração após a reunião à agência France Press, ele disse que Atenas "enfrentará o fantasma da quebra" se as negociações fracassarem.

Na cúpula de Bruxelas, os chefes de governo dos países da UE poderão aprovar os termos de um segundo pacote de ajuda à Grécia, mas as negociações para isso foram complicadas na semana passada por uma nova exigência da Alemanha, de que as decisões do governo grego sobre gastos passem a ser submetidas a um "monitor" permanente da UE no país.

Outra questão é a negociação para a reestruturação da dívida da Grécia junto a credores privados. As duas partes repetiram no sábado que estão próximas de um acordo, mas nada de definitivo foi anunciado. "Estamos realmente a um passo de um acordo final", disse no domingo o ministro das Finanças, Evan­­­gelos Venizelos.

Uma fonte próxima às conversações disse à Dow Jones que um acordo com os credores privados só será anunciado depois de a Grécia e os credores multilaterais (União Europeia, FMI e Banco Central Europeu) concordarem com novas medidas de austeridade.

Sem um novo pacote de ajuda financeira, a Grécia não deverá ser capaz de fazer um pagamento de bônus de 14,4 bilhões de euros que vence em 20 de março; caso isso aconteça, o país se tornará o primeiro da zona do euro a entrar em default.

O pacote em jogo envolve 130 bilhões de euros em empréstimos pela Eurozona e um perdão de 100 bilhões de euros dos 206 bilhões de euros da dívida nas mãos de credores privados. Atualmente, o país tem uma dívida total que supera os 350 bilhões (160% de seu PIB).

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