Depois de passar todo o dia em alta, a Bolsa de Valores de São Paulo inverteu o comportamento e passou a cair em relação ao fechamento de sexta-feira, enquanto os pregões americanos reduziam o movimento de alta. Na abertura, o índice Bovespa chegou a subir quase 2% devido è recuperação internacional diante de novas injeções de recursos de bancos centrais de diversas partes do mundo no sistema financeiro.

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Com pouco mais de 10 minutos de pregão, o índice Bovespa já subia 1,96%, mas perto das 16h passou a cair. Às 16h30, o Ibovespa recuava 0,68%, para os 52.280 pontos, com volume financeiro de R$ 2,9 bilhões, considerado baixo para o horário.

O dólar continuava a cair, com baixa de 0,41%, para R$ 1,943. O risco-país, depois de passar parte da manhã em baixa, subia 1,62%, para os 188 pontos. Em Nova York, o índice Dow Jones subia 0,08%, a 13.248,0 pontos, e o índice eletrônico Nasdaq tinha alta de 0,03%, aos 2.544,01 pontos.

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BCE injetou US$ 65 bilhões nesta segunda

Antes da abertura do mercado brasileiro, o Banco Central Europeu (BCE) injetou 47,665 bilhões de euros (US$ 65 bi). O Banco Central do Japão também voltou ao mercado, oferecendo mais US$ 5 bilhões. Um pouco mais tarde, após a abertura do mercado americano, o Fed (banco central dos Estados Unidos), disponibilizou mais US$ 2 bilhões de crédito ao sistema bancário.

Na semana passada, as bolsas do mundo todo desabaram após o banco francês BNP Paribas anunciar a suspensão de saques de três fundos de investimentos que tinham títulos americanos de dívida imobiliária. O anúncio trouxe pânico aos mercados, que temem a contaminação de todo o sistema financeiro com a crise das hipotecas de alto risco americanas, e fez os bancos centrais de todo o mundo atuarem oferecendo crédito para impedir a falta de liquidez.

O economista-chefe da Fidúcia Asset Management, Marcelo Castello Branco, disse que a queda faz parte da volatilidade que o mercado está passando.

- Depois de muito otimismo pela manhã com a recuperação dos mercados internacionais diante das atuações dos bancos centrais, as pessoas estão voltando para a realidade - afirmou Castello Branco.

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Pela manhã, puxava a alta da Bovespa também as ações da Petrobras, que subiam mais de 2%. Entretanto, os papéis da estatal reduziram a alta e operavam próximos da estabilidade e contribuíram para a queda do Ibovespa. As ações PN da Petrobras eram negociadas, às 16h20, a R$ 49,55, em ligeira alta de 0,10%, após o petróleo passar a cair depois de registrar aumento pela manhã.

O economista-chefe da Consultoria Lopes Filho, Julio Hegedus Netto, avalia que alta dos mercados externos, que puxaram a Bovespa pela manhã, foi puxada pela ação do BCE e também pelo fato da grande desvalorização ocorrida na sexta-feira, quando as bolsas do mundo todo fecharam em queda. Além disso, ele conta que os investidores viram com bons olhos o fato de os representantes dos BCs da Europa terem se reunido com executivos do mercado para discutir a crise durante o fim de semana.

- É o famoso dia das pechinchas. As ações caíram muito na sexta e os investidores aproveitam para ir às compras. Mas a volatilidade deve continuar - afirmou o economista antes da Bovespa inverter a alta e começar a cair.

Ações européias tiveram maior alta em 15 meses

As principais bolsas européias também registraram forte alta, puxadas principalmente por papéis de bancos como o Royal Bank of Scotland, o HSBC e o Barclays. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações das empresas européias, subiu 2,37%, para 1.514 pontos, na maior alta percentual diária em 15 meses (desde 23 de maio de 2006). Tiveram valorizações significativas as bolsas de Londres (2,99%), Paris (2,21%) e Frankfurt (1,78%).

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Na Ásia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou com leve alta de 0,21%. Na Bolsa de Seul, a alta foi mais expressiva: 1,14%. A Bolsa de Hong Kong teve alta de 0,45%.No Brasil, o Banco Central deve injetar R$ 97 bilhões no mercado bancário, por meio de uma operação de recompra de títulos públicos que já estava prevista para este dai 13 de agosto.

Volatilidade deve continuar

O economista da Lopes Filho ressalta, no entanto, que a volatilidade deve continuar por toda a semana, principalmente ao sabor das notícias sobre a extensão da crise das hipotecas.

- A grande questão agora é saber quais bancos estão contaminados com os créditos subprime (de alto risco) - afirmou Julio Hegedus Netto.

Isso ocorre porque os empréstimos imobiliários americanos são securitizados. Ou seja, as financiadoras vendem títulos de seus créditos no mercado financeiro e investidores do mundo todo compram esses papéis.

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Os indicadores econômicos americanos previstos para esta semana também devem influenciar os mercados durante, prevê o economista da Lopes Filho. Nesta segunda-feira, foi divulgado o aumento das vendas no varejo americano de 0,3% em julho .

- Os indicadores serão importantes para mostrar ao mercado que a economia americana continua sólida, apesar da crise das hipotecas. Mas se vierem ruins também serão motivo para novas quedas - afirmou Julio Hegedus Netto.

Intervenções dos BCs são paliativas

Um analista do mercado financeiro que pediu para não se identificado ressalta que a crise não deve ser passageira e prevê mais períodos de turbulências pela frente. Segundo ele, os bancos centrais deverão continuar injetando recursos no mercado financeiro para evitar o pior.

- Essas intervenções dos bancos centrais são paliativas. Eles querem evitar um colapso. Uma crise de confiança no crédito como essa demora a ser debelada. O crédito fica mais restrito e acaba alimentando a crise - afirma o analista.

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Além da reunião dos BCs da Europa no fim de semana, no domingo, também foi revelado que várias instituições européias como Deutsche Bank, Commerzbank, além do BNP Paribas, são credoras da financeira americana HomeBanc Corp, que entrou com pedido de recuperação judicial contra falência.

O banco de investimentos Goldman Sachs anunciou nesta segunda-feira que injetará, em parceira com outros investidores, US$ 3 bilhões em um hedge fund que recuou mais de 30% este ano. Segundo o banco, o motivo não é um socorro ao fundo mas uma boa oportunidade de investimento para comprar mais ações. Entretanto, às 14h, os papéis do Goldman caíam 0,25%, depois de ter reagido positivamente após a notícia.

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