Mesmo com o aperto no crédito e com a possível dificuldade para captar recursos, no entanto, os otimistas apóiam-se nas 8 milhões de residências do déficit habitacional do país para afirmar que o setor ainda deve crescer, e que os reajustes decorrentes da crise serão mínimos.
A crise deve influenciar principalmente as construtoras que se capitalizaram na bolsa de valores para a qual os efeitos têm sido mais imediatos ou que dependem de financiamentos bancários. "As condições de financiamento vão ser diferenciadas porque vai haver um enxugamento de dinheiro estrangeiro. Quem depende disso vai ter uma redução nos recursos, e isso impacta os lançamentos", explica o presidente da franquia imobiliária Century 21, Roberto Menescal.
"Há uma incerteza entre as construtoras se vai haver capital de investimento para suportar a aquisição de terrenos e o custo de um lançamento", comenta o diretor financeiro do Grupo Thá, Sandro Westphal. A empresa, que preferiu não entrar no mercado de capitais nos últimos anos "essa se mostrou uma decisão acertada", diz Westphal , mesmo assim prevê uma diminuição no número de lançamentos para o próximo ano. "Nós vamos lançar de acordo com as perspectivas de lucratividade e risco, mas não temos o peso da espada do investidor como as grandes incorporadoras, que precisam lançar para precificar suas ações."
O número de lançamentos ainda está sujeito ao aperto no crédito ao consumidor, uma vez que, com prazos mais curtos e juros mais altos, o financiamento pode atrair menos gente e diminuir a demanda por imóveis novos. A construtora paranaense Paysage Condomínios é uma das que não vão ter problemas com falta de financiamento, porque trabalha com recursos próprios, mas já sentiu o efeito da crise em seus compradores. "Nas últimas duas semanas, eu perdi três vendas fechadas porque os clientes estavam com medo da crise", comenta o diretor da empresa, Juliano Hinz Maran. "São pessoas que ouviram falar que o mundo está em crise, têm medo que os juros subam demais, ouviram especialistas dizendo que não é recomendado fazer dívidas de longo prazo. Elas estavam com o contrato rodando já." Maran não acredita que o setor vá desaquecer nos próximos anos por conta da crise, mas prevê que o número de lançamentos da empresa pode ser afetado caso haja menos demanda.
A diminuição da demanda também pode provocar uma desaceleração nos preços dos imóveis algo que já era previsto pelo mercado. "Nos últimos três anos, muitas pessoas compraram seu imóvel; nós tivemos uma demanda latente que foi suprimida em boa parte. Agora, não vamos mais ter aquele boom acentuado de preços; a demanda já é menor", diz Maran. A desaceleração, no entanto, não significa que os preços vão baixar, como explica a professora do Núcleo de Estudos de Real Estate da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Eliane Monetti. "O custo subiu; o zero da régua está mais alto. Não tem como baixar os preços, a não ser que o aperto no crédito seja tão intenso que as construtoras tenham que abrir mão do custo inicial."
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