Quem visita o escritório da Águas Ouro Fino em Curitiba ainda encontra, em uma prateleira, caixas de chá com a marca que se tornou sinônimo de água mineral na capital. São resquícios de um período que a empresa quer deixar para trás. Nos últimos dois anos, a Ouro Fino atravessou uma crise financeira que arranhou sua marca, provocada por problemas de gestão e investimentos em áreas que não dominava, como cervejas e chás.
Empresa investe em novas embalagens
Nos tempos em que investiu na produção de cerveja e chás, a Ouro Fino deixou de apresentar novidades em seu negócio de água mineral. Até a compra de novos garrafões de 20 litros, que têm vida útil de três anos, deixou de ser feita no ritmo adequado para a manutenção de mercado.
Segundo Edson Ravaglio, diretor-presidente da empresa, o foco agora é recuperar o mercado perdido. No momento, a Ouro Fino está lançando uma nova embalagem, chamada de Naturaleve, que tem 300 ml e é feita com 23% menos plástico. As compras de garrafões se intensificaram – são 20 mil novas unidades por mês – e já foi feita uma grande encomenda de garrafas de vidro de 500 ml para a venda em restaurantes. O próximo passo será desenvolver apresentações para o mercado gourmet.
Como a engarrafadora localizada em Campo Largo opera hoje com ociosidade de 50%, ela pode rapidamente aumentar sua oferta sem precisar investir na linha de envase ou na fonte. A área ampla, que tem uma piscina e instalações turísticas, também é motivo de estudos. Hoje ela gera alguma receita, mas é subutilizada na opinião de Ravaglio. “É uma área com potencial para receber treinamentos e eventos, por exemplo”, diz.
Os problemas ficaram evidentes em 2013, quando registrou um prejuízo de R$ 13 milhões e passou a atrasar pagamentos a fornecedores. Um deles, inclusive, entrou com um pedido de falência aceito pela Justiça. A crise fez com que os sócios, netos dos fundadores Augusto e Dedé Mocellin, retomassem a gestão e procurassem no mercado um executivo para sanear a companhia.
O diagnóstico do novo diretor-presidente, Edson Ravaglio, que assumiu o cargo em maio do ano passado, é simples: a Ouro Fino se aventurou em mercados que não conhecia, gastou demais e deixou de dar atenção ao seu principal negócio. “Também faltou experiência para negociar, o que levou à ação e falência”, conta.
A primeira medida da nova gestão foi buscar uma saída para as dívidas. Até agora, R$ 2 milhões de títulos atrasados já foram pagos. Faltam R$ 600 mil, que serão resgatados nos próximos meses. A ação de falência foi revertida, com a sentença anulada no dia 26 de novembro do ano passado. “Até junho, nosso objetivo é recuperar a situação cadastral. Até o fim do ano, queremos recuperar nossas linhas de crédito”, explica Ravaglio, executivo que está em sua segunda passagem pela Ouro Fino.
Mercado
A crise financeira custou caro à Ouro Fino. O faturamento caiu de mais de R$ 72 milhões em 2012 para R$ 45 milhões em 2013 e R$ 41 milhões no ano passado. A participação de mercado encolheu e deu força à competição até “dentro de casa”, em Curitiba e região. Funcionários talentosos deixaram a empresa.
Por isso, a reestruturação parte de um novo modelo de gestão, com atenção à equipe, novos processos e postura ativa para recuperar mercado. “Trouxemos pessoas novas e estamos implantando um novo sistema de treinamento”, conta o executivo. Também foram feitos ajustes na logística e investimentos nas embalagens de água mineral. Das apostas feitas antes da crise, ficou só o energético da marca Insano, que se mostrou viável.
Com a equipe comercial remodelada, o faturamento deve voltar a crescer neste ano, chegando perto de R$ 60 milhões. O lucro também deve voltar até o fim do ano. “Fizemos novos materiais de apoio à equipe comercial e estamos valorizando os revendedores exclusivos de nossa marca”, diz Ravaglio. A empresa vai aumentar a presença no mercado paulista, onde no início do mês começou a trabalhar um gerente exclusivo para a região.
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