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Desenvolvimento

PAC é pouco: só medidas de longo prazo destravam o país

Pesquisa eleitoral |
Pesquisa eleitoral (Foto: )

Fazer a economia crescer mais rápido é a grande bandeira do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2003, ao assumir o governo pela primeira vez, Lula anunciou a criação de um programa de combate à fome (o Fome Zero). Desta vez, a primeira medida foi o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), focado em obras de infra-estrutura. O problema é que, além de ser considerado pouco ambicioso, o plano continua emperrado no Congresso. E, a julgar por estudos divulgados recentemente pelos escritórios brasileiros de grandes consultorias multinacionais, o governo deveria olhar com mais atenção para outras barreiras que entravam o crescimento.

As pesquisas mostram que o país obviamente não pode ignorar questões emergenciais (como o investimento na infra-estrutura do setor aéreo, por exemplo), mas que é preciso, desde já, dar início a reformas que podem levar meses ou anos para serem concluídas. Medidas que terão um efeito muito mais duradouro e acabarão por tornar o crescimento econômico uma conseqüência natural. Em outras palavras, o Brasil precisa se concentrar em medidas de longo prazo, em vez de insistir na preocupação imediata, sempre limitada pela duração dos mandatos dos governantes.

"Destravar o país não é algo que se possa fazer da noite para o dia. Há 30 anos, a Espanha era o que o Brasil é hoje. E, sempre obedecendo ao mesmo roteiro, demorou três décadas para chegar à situação atual", diz Jaime Cervatti, sócio da consultoria KPMG.

Um relatório da consultoria McKinsey procurou delimitar as prioridades que o país deveria estabelecer para elevar consideravelmente seu crescimento ao longo dos próximos 12 anos. A empresa deu grande ênfase aos problemas provocados pela informalidade da economia, que costumam ser deixados em segundo plano. Outros obstáculos importantes são a instabilidade macroeconômica do país – que caiu muito nos últimos anos mas segue como um sério empecilho ao desenvolvimento –, a precariedade dos serviços públicos e as deficiências da infra-estrutrura.

Enfrentando essas barreiras, o país conseguiria elevar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 1% ao ano para cerca de 7% até 2018, calcula a consultoria. As receitas para isso são bem claras (veja matéria na próxima página). Difícil é acreditar que elas serão executadas. "O problema do governo não é só falta de verba, de tempo ou de vontade política. Falta um projeto, um objetivo. E a maioria das reformas exigem um longo período de planejamento e execução. Como o horizonte político no Brasil é de quatro anos, elas nunca saem", diz Gabriel Goulart, sócio e analista econômico da Mercatto Investimentos. "A impressão que se tem é de que o governo realmente colocou o crescimento como prioridade. A grande dúvida é: o que ele está disposto a fazer para encarar esse desafio?", questiona José Paulo da Rocha, sócio-diretor da consultoria Deloitte.

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