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Desenvolvimento

Pacote cobre apenas 5% do necessário

O modal ferroviário deve receber R$ 92 bilhões em investimentos no país nos próximos 25 anos | Hugo Harada/Gazeta do Povo
O modal ferroviário deve receber R$ 92 bilhões em investimentos no país nos próximos 25 anos (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

O pacote de concessões lançado pelo governo federal, apesar de ser considerado um passo importante para acelerar os investimentos em logística, dificilmente será suficiente para modernizar a infraestrutura no país. Segundo especialistas, os R$ 133 bilhões que serão investidos nos próximos 25 anos representam apenas 5% do necessário para o país eliminar gargalos.

As estimativas apontam para uma necessidade de investimento em infraestrutura entre R$ 80 bilhões e R$ 125 bilhões por ano no Brasil. Pelas contas do economista Cláudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, o país precisa no mínimo dobrar a participação desses investimentos sobre o Produto Interno Bruto (PIB).

A proporção, que no ano passado ficou em 2,05%, precisaria chegar próximo de 4%. "Isso significaria investir cerca de R$ 100 bilhões por ano em áreas como transporte, telecomunicações, saneamento e energia", diz. No total, seriam R$ 2,5 trilhões em 25 anos. "O montante para rodovias e ferrovias representa apenas 5% desse total. Mesmo com os novos investimentos que deverão ser anunciados (nas áreas de portos, aeroportos e energia), dificilmente chegaremos ao montante ideal", diz.

Cinco anos

Lançado há 15 dias, o chamado "PAC das Concessões" prevê aplicar R$ 42 bilhões em 7,5 mil quilômetros de rodovias e R$ 92 bilhões em 10 mil quilômetros de ferrovias em 25 anos. A maior parte dos recursos – R$ 79,5 bilhões – será investida em cinco anos, o que significa entre R$ 16 bilhões a R$ 20 billhões por ano. A segunda fase do pacote deve ser lançada até o fim de setembro. "O volume previsto no pacote até agora representa apenas 0,1% do PIB ao ano em três décadas, o que é insuficiente para estimular a economia", diz o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço.

Apesar de o volume ainda estar bem aquém do necessário, o pacote de concessões representou um avanço, principalmente por reduzir o papel do governo, segundo analistas. "Ele trouxe a questão da logística para a agenda do país. O modelo, que atribui à iniciativa privada a execução das obras, também é acertado", diz João Guilherme Araújo, diretor de desenvolvimento do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos).

"Ficou claro para o governo, principalmente a partir das últimas experiências, com o PAC 1 e 2, que ele tem dificuldade de ordem fiscal e em executar, com qualidade, as obras", concorda Frischtak.

O estado brasileiro não tem dinheiro para investir em infraestrutura. Dos 2,05% do PIB destinados a essa área no ano passado, cerca de 1% saiu dos cofres do governo. Na China, por outro lado, o governo investe 10% do PIB no setor.

Apetite

Apesar dessas dúvidas e de a taxa de retorno dos projetos – entre 6% e 6,5% ao ano – ter sido considerada baixa pelas empresas, os investidores devem demonstrar apetite na disputa pelos lotes que irão a leilão. Para os investidores nacionais e internacionais, o Brasil representa a combinação de demanda forte para os próximos anos com baixo risco e segurança institucional. "Além disso, as empresas poderão contar com financiamento competitivo do BNDES, com a recente queda nas taxas de juros", avalia Frischtak, da Inter.B.

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