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Turistas aproveitam o fim de semana de sol para um passeio na Linha Turismo: Curitiba deve se beneficiar com a promoção de destinos fora do eixo Rio-São Paulo | Marco André Lima/ Gazeta do Povo
Turistas aproveitam o fim de semana de sol para um passeio na Linha Turismo: Curitiba deve se beneficiar com a promoção de destinos fora do eixo Rio-São Paulo| Foto: Marco André Lima/ Gazeta do Povo

Repercussão

Setor vê benefícios para Curitiba

João Pedro Schonarth

Um dos principais benefícios para o Paraná com a aplicação das novas medidas de incentivo ao turismo é a promoção de outras localidades fora do eixo Rio-São Paulo, afirma Tatiana Turra, diretora-executiva do Curitiba Convention & Visitors Bureau. Criar novos portões de entrada ao Brasil e divulgá-los no exterior é uma maneira positiva de atrair turistas a Curitiba e Foz do Iguaçu, diz. "As duas cidades já têm voos diretos para a América Latina e vai ser muito positivo se houver essa divulgação do Paraná pelas companhias no exterior", analisa, ressaltando que ainda é cedo para medir os impactos da redução de tarifas aeroportuárias e do corte de impostos sobre combustível de aviação e bens para hotéis e parques temáticos.

Mesmo sem ter definidos porcentuais de redução de impostos e tarifas, a notícia já agrada o setor hoteleiro. "A redução sobre aparelhos de ar-condicionado e televisores vai dar um incremento fantástico para o setor, porque os hotéis já estão se modernizando para receber o turista para o Mundial", destaca Henrique Lenz César Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Paraná (ABIH-PR).

O atendimento aos turistas de fora de Curitiba tem agradado, na opinião de visitantes da capital. O servidor público João Kressin veio com a família de Carazinho (RS) para passar dois dias em Curitiba e procurou uma rede de hotéis que já conhecia em outros locais. Para conhecer melhor a cidade, a família embarcou na Linha Turismo. "Eu, minha esposa e minhas filhas estamos muito satisfeitos com o atendimento na cidade. Por onde passamos fomos muito bem atendidos", afirma Kressin.

Lei de Gérson

Aumentos abusivos já preocupam

Uma das preocupações do governo é evitar que o setor turístico aumente os preços durante os grandes eventos esportivos. Esse foi considerado o "pecado grego" nos Jogos Olímpicos de Atenas: para lucrar mais com o evento, a cidade aumentou todos os preços, o país ficou com a imagem de ser muito caro e afastou turistas. Por isso, a equipe econômica analisa um pedido dos empresários, que conta com total respaldo do Ministério do Turismo: a redução do custo da energia elétrica para o setor.

Para ter certeza de que os preços não vão disparar, o governo quer criar uma câmara setorial para o turismo e fechar um acordo com o setor para que não haja uma alta generalizada. "O principal legado desses eventos não é o turismo no período dos eventos, mas o que vai gerar depois. É a imagem que vamos deixar para os 20 mil jornalistas que estarão aqui", afirma o presidente da Embratur, Flávio Dino.

Brasileiro deve gastar R$ 14,5 bi no exterior

A preocupação com o turismo não é apenas por causa de Copa e dos Jogos Olímpicos. Com o crescimento da renda do brasileiro e, consequentemente, dos gastos de turistas daqui no exterior, as despesas têm pesado cada vez mais nas contas externas. Em 2012, os gastos do brasileiro em viagens internacionais não devem crescer com a mesma velocidade dos anos anteriores. Mesmo assim, o rombo nas contas externas deve continuar alto e superar o de 2011, que já foi um recorde. O Banco Central (BC) estima que o déficit em viagens internacionais fique em US$ 14,3 bilhões em 2011. E, nes­­te ano, o desempenho deve ser um pouco pior: rombo de US$ 14,5 bilhões.

O governo está prestes a lançar um pacote de medidas para atrair os turistas estrangeiros para o Brasil, visando aos grandes eventos esportivos: Copa e Jogos Olímpicos. Redução de tarifas aeroportuárias, corte de impostos sobre combustível de aviação e bens para hotéis e parques temáticos, além de redução do custo da energia para todo o setor estão no cardápio. Ao todo, há 14 medidas sobre a mesa de negociação que reúne a equipe econômica, o Ministério do Turismo, a Infraero, a Embratur e os empresários.

Nesta semana, deve ser publicada no Diário Oficial autorização para que a Embratur use R$ 8 milhões para fazer propaganda no exterior de voos diretos para o Brasil. As companhias aéreas e empresas de turismo poderão se candidatar para receber esse dinheiro. O objetivo é ampliar os portões de entrada dos estrangeiros – que geralmente desembarcam no Rio e em São Paulo.

A equipe econômica também estuda a mudança de classificação de equipamentos para parques temáticos e hotéis. Se a pressão do setor der certo, tevês e aparelhos de ar-condicionado seriam rotulados como investimento e teriam corte de impostos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), a ocupação dos hotéis no Rio de Janeiro, por exemplo, é de 85% em média. "Isso significa que, no ano, há picos de 100% de ocupação. O Rio já perde grandes eventos hoje. Na Copa, estamos falando de 600 mil turistas estrangeiros", diz o presidente da ABIH, Enrico Fermi Torquato.

O presidente da Embratur, o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), assumiu o cargo há cinco meses e terá de lidar com problemas de infraestrutura e promoção. Ele pediu que sua equipe levantasse os casos de campanhas publicitárias de sucesso do Brasil, mas não havia nenhuma para ilustrar a apresentação feita há pouco mais de um mês para os secretários estaduais.

A principal crítica dos turistas estrangeiros ainda segue sem remédio: a prestação de serviço. A crise política do primeiro ano do governo Dilma Rousseff provocou a suspensão do programa de qualificação por suspeita de desvio de dinheiro. Agora, o Minis­tério do Turismo estuda usar o Sistema S (como Senai e Senac) para treinar mão de obra. Outro desafio é facilitar a entrada pelas fronteiras do país. Atualmente, os postos da Polícia Federal e da Receita Fede­ral já têm fila. E cerca da metade dos turistas que o país recebe hoje vem por terra.

Embratur põe mexicanos e canadenses na mira

Para dar uma guinada nos rumos do turismo de estrangeiros no país, a Embratur vai concentrar o uso dos R$ 48 milhões que tem para gastar em publicidade. Na nova estratégia, o presidente do órgão, o ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA), resolveu reduzir os países onde esse dinheiro será gasto. Eram 35 e agora são 17 países, principalmente México – o maior emissor de turistas para a Copa da África do Sul – e Ca­­nadá. O Brasil quer deixar de ser um destino clássico apenas para argentinos. "Os mexicanos são amantes do futebol como nós. Se foram para a Áfri­­ca, não é possível que, aqui do lado, não virão", alega Dino.

O Brasil também reabrirá as filiais da Embratur no exterior que passaram 2011 fechadas. A internet é outro foco, já que a maioria dos turistas decide na rede o destino das férias. Foi posto no ar um vídeo interativo em 3D com cinco cidades que serão sede da Copa de 2014. No Rio, é possível fazer uma viagem de asa-delta sobre a cidade. Em Manaus, o passeio é num barco virtual para co­­nhecer as redondezas. Em Curi­­tiba, é numa bicicleta.

"Combo"

O Executivo quer um acordo entre governadores para que sigam o exemplo de Rio de Janei­­ro, Bahia e Amazonas, unindo-se ao apresentar roteiros aos estrangeiros numa es­­pécie de venda "três em um": em uma viagem só, o turista conhece os três estados.

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