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Veja como foi o desenrolar da atual crise enfrentada pela Europa:
1 O epicentro da crise da dívida europeia é a Grécia, que gastou mais do que podia na última década, principalmente com os altos salários do funcionalismo. Com a crise financeira global, os gastos aumentaram e a arrecadação diminuiu mais (desemprego em alta e consumo em baixa).
2 A combinação bombástica de excesso de gastos, falhas na regulamentação do setor financeiro e especulação de investidores não ocorreu apenas na Grécia. Por isso, a crise grega virou crise europeia.
3 Na semana passada, um pacote de 110 bilhões de euros foi anunciado para salvar a economia grega. O volume não acalmou os mercados. Havia dúvidas de que o dinheiro seria suficiente para salvar a Grécia, já que as dívidas do país, que tem baixa expectativa de crescimento, são muito grandes.
4 Com a insegurança, aumentou o risco de que a crise se espalhasse para vizinhos deficitários e endividados (como Espanha, Portugal e Itália) e que o sistema financeiro europeu e a moeda unificada entrassem em colapso.
5 O pacote de 750 bilhões de euros anunciado no domingo pretende evitar que a Europa inteira seja tragada.
Havia um ano e meio o mercado brasileiro não via a cotação do dólar cair tanto num só dia como ontem. Reagindo à euforia mundial com o bilionário pacote de socorro na Europa, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também teve forte alta, seguindo de perto os mercados americano e europeu. Os 750 bilhões de euros (quase US$ 1 trilhão) que servirão para resgatar países endividados da zona do euro foram vistos por alguns analistas como um "alívio", pelo menos para os problemas de curto prazo das economias mais fragilizadas."Até a semana passada, a UE procurou atender os problemas da Grécia, mas ficaram faltando medidas para defender o euro, que se enfraqueceu muito ante o dólar. O que ocorreu neste fim de semana foi justamente um complemento das medidas anteriores", disse Kelly Trentim, analista-chefe da corretora Spinelli.O dólar fechou a R$ 1,777, queda de 3,99% a maior desde 24 de novembro de 2008. A Bovespa subiu 4,11%. Na cena externa, o índice Dow Jones, de Nova Iorque, avançou 3,90%. Em Londres, o índice FTSE se valorizou em 5,16%; em Paris, a alta foi de 9,56%; em Frankfurt, a bolsa subiu 5,3%, e, em Madri, incríveis 14,43%. Os números superlativos sinalizaram que o pacote europeu não era esperado nem pelos mais otimistas, numa reação que deve sofrer revisões nos próximos pregões.
Cautela
Um sinal de que o mercado pode estar mais cauteloso que aparenta foi visto na bolsa brasileira, que teve um giro reduzido de R$ 6,56 bilhões. Nos piores momentos da semana passada, o volume chegou a atingir a casa dos R$ 10 bilhões. Para especialistas, há duas explicações possíveis e não excludentes: por cautela, muito investidor que saiu semana passada preferiu não retornar à bolsa brasileira; outros optaram por somente "marcar presença", para não perder a chance de ganhar com uma nova recuperação.
"Recomendamos aos que optaram por ficar na bolsa que não mexam nas ações; já quem optou por sair na semana passada é melhor permanecer de fora. O mercado ainda deve sofrer alguns ajustes nos próximos dias, e, assim como foi um exagero quando caiu 5%, há um exagero quando sobe 4%", diz Pedro Braz, da mesa de operações da TOV Corretora.
O pacote
A União Europeia anunciou um pacote orçado em 750 bilhões de euros (quase US$ 1 trilhão) para defender a principal moeda do bloco e impedir a criação de uma crise sistêmica na região. Desse montante, uma parcela de 250 bilhões de euros virá do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Parte dos 750 bilhões de euros vão servir para uma ação fundamental: a compra pelo Banco Central Europeu (BCE) de títulos de dívida privada e pública das economias mais problemáticas, como Grécia e Portugal. Às voltas com sérios problemas fiscais, quando esses países tentam levantar recursos no mercado internacional, oferecendo títulos com promessas de juros para grandes investidores globais, são forçados a pagar taxas muito altas para encontrar compradores. Endividando-se a juros muitos altos, e a prazos muito curtos, os países caem ainda mais na desconfiança dos mercados e agências de risco rebaixam suas classificações.
Outra parcela do fundo emergencial será dirigida para empréstimos de urgência para outras economias mais problemáticas da região, como a Espanha e Irlanda. Pelo menos 60 bilhões de euros foram orçados especificamente para esse objetivo, sendo que outros 440 bilhões foram reservados para um sistema de garantias, de modo a constituir o que já se intitula um "mecanismo de estabilização europeu".
O pacote europeu também prevê que os países envolvidos assumam planos de reformas estruturais em ritmo acelerado. Lisboa e Madri já se comprometeram com reduções do déficit público para 2010 e 2011, prometendo anunciar maiores detalhes no próximo dia 18.
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