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Funcionalismo

Pagamento acima do teto pode estimular corrida por aposentadoria de servidores, diz IFI

Fachada do Ministério da Economia
Portaria do Ministério da Economia autorizou pagamento de remuneração acima do teto do funcionalismo. (Foto: Washington Costa/Ministério da Economia)

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A decisão recente do Ministério da Economia que autoriza servidores que acumulam duas fontes de renda a receber remuneração total acima do teto constitucional pode acabar gerando um maior fluxo de aposentadorias e aumento de gasto com pessoal no serviço público. O alerta é de Josué Alfredo Pellegrini, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal.

"Muitos servidores já poderiam ter se aposentado, mas optaram por permanecer na atividade, com o abono permanência. Para quem 'está no teto', o desconto da contribuição previdenciária pode ser muito elevado, e isso incentiva muitos servidores a permanecerem na atividade", avalia Pellegrini.

Ao continuar na ativa mesmo podendo se aposentar, o servidor recebe o abono permanência, que tem valor igual à contribuição que ele faz ao regime de Previdência. Assim, o abono compensa a contribuição, que é elevada para quem tem remuneração mais alta.

Enquanto isso, servidores públicos aposentados que ganhem acima do teto do INSS (hoje em R$ 6.433,57) pagam contribuição previdenciária. E, naturalmente, não recebem o abono permanência. Isso explica porque é vantajoso, em termos de renda, continuar trabalhando mesmo tendo direito a se aposentar.

Mas agora, com a possibilidade de acumular duas rendas sem sofrer o "abate-teto", pedir a aposentadoria pode ser mais vantajoso para os servidores que ocupam cargo de comissão. "Essa é uma possibilidade bastante concreta para as pessoas que já podem se aposentar ou que estão próximas disso e têm um cargo de comissão", diz Pellegrini.

A medida da Economia foi publicada em portaria, autorizando que o chamado "abate-teto" seja aplicado isoladamente sobre cada remuneração de um servidor público que acumule duas fontes de renda, e não mais sobre a soma dos dois salários. Na prática, isso faz com que alguns servidores passem a receber acima do limite.

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O gasto estimado pelo governo com a mudança é de pelo menos R$ 66 milhões ao ano, mas pode variar em razão da quantidade de servidores enquadrados em tais situações de acumulação a cada período. "Não creio que, individualmente, a portaria tenha impacto muito significativo, mas é preciso considerar o efeito em cadeia para outros níveis de governo", diz o diretor da IFI.

Ele se refere ao fato de que, ainda que a portaria seja restrita ao Poder Executivo Federal, é possível que um movimento semelhante ocorra nos outros níveis de governo – estados e municípios. "São sinalizações negativas, que desmoralizam esse tipo de proposta, preocupação. Essa é a consequência mais negativa da portaria, mais do que impacto direto que ela possa ter em termos de aumento de despesa de pessoal", afirma.

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