Após três meses seguidos de queda no saldo de empregos, o país abriu 19,3 mil vagas em março deste ano, número 47% maior que o apresentado no mesmo mês de 2014, quando foram gerados 13,1 mil novos postos. O número, entretanto, não conseguiu reverter o saldo negativo do primeiro trimestre. O acumulado de janeiro a março é o pior da série histórica iniciada em 2002, com o fechamento de 50,3 mil vagas de trabalho.
Os dados, apresentados nesta quinta-feira (23) pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram melhores que as expectativas de mercado.
Na avaliação do ministro Manoel Dias, os dados do emprego mostram recuperação. “Apesar de toda a dificuldade, diante do momento em que vivemos e um discurso de que nós estaríamos vivendo momento difícil, o Caged mostra recuperação”, disse. Ele acredita que discursos de que o país está em crise, repetidos desde a campanha eleitoral do ano passado, afetam o emprego. “No meu entendimento, estamos vivendo uma crise política que o impacto também é econômico”, disse.
Em março, o setor de serviços foi o responsável pela maior geração de vagas formais de trabalho, com um saldo positivo de 53,7 mil postos. Os destaques negativos ficaram com a construção civil, que fechou 18,2 mil vagas, e a indústria de transformação, com menos 14,6 mil postos. Em entrevista para avaliar os dados, Dias afirmou que a indústria “vem de longa data” apresentando redução. Sobre a queda de 6,2 mil vagas na agricultura, disse que o resultado é sazonal e deve melhorar nos próximos meses.
Cautela
A alta de março, fortemente influenciada pelo setor de serviços, foi recebida com cautela no mercado. O comportamento positivo do setor foi a grande surpresa que ajudou no resultado, na avaliação do economista-chefe da Parallaxis Consultoria, Rafael Leão. Ele ponderou, no entanto, que o desempenho do segmento não deve ser mantido. “O que nos dá a entender é que essa criação de vagas em serviços pode ser momentânea, em função de uma conjuntura um pouco mais específica relegada a esse setor, mas que ao longo dos próximos meses deve também ser impactada pela desaceleração da atividade brasileira de modo geral”, afirmou.
Para o economista da LCA Consultores, Fábio Romão, o fato de o carnaval ter caído no mês de fevereiro, e a base de comparação de 2014, que teve o feriado do carnaval no mês de março, explicam o resultado do Caged.
“A realização do carnaval reduz dias úteis, reduz esperanças de que se consiga um emprego e é natural que o mercado fique um pouco mais lento, como foi em fevereiro”, reforça.