A apicultura brasileira vem mantendo ritmo de crescimento nos valores exportados neste ano. Os números mostram que a crise mundial, que já abateu boa parte do agronegócio do País, ainda não repercutiu no mel.
Em fevereiro deste ano, o Brasil exportou US$ 6,446 milhões, um incremento de 68,4% em relação a janeiro. O crescimento é ainda maior quando comparado com fevereiro do ano passado (US$ 2,105 milhões), representando um forte aumento de mais de 200% na receita de exportação.
Em quantidade, foram 2,797 milhões de quilos, um aumento de 155% na comparação com o mesmo período de 2008 (1,096 milhão de quilos). A venda foi realizada a um preço médio de US$ 2,31 o quilo de mel. "Esse valor associado a uma taxa de câmbio favorável contribui para remunerar melhor as nossas exportações de mel", destaca o coordenador da nacional da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Reginaldo Resende.
O continente americano continua sendo o maior comprador do mel brasileiro, correspondendo a mais de dois terços da receita total das exportações, ou seja US$ 4,38 milhões. Os Estados Unidos absorveram US$ 4,34 milhões a um preço de US$ 2,15 o quilo.
Para o mercado europeu foram destinadas 31,8% das exportações brasileiras (US$ 2,05 milhões). A Alemanha respondeu por US$ 1 23 milhão. O Reino Unido importou US$ 622,13 mil. Holanda e Bélgica também fizeram parte dos destinos europeus.
Além disso, foi destacada uma exportação residual de mel para o Japão. O volume para esse país representou US$ 15,270 mil em valor e 409 quilos em quantidade. Os dados constam do levantamento consolidado pelo analista Reginaldo Resende. A referência é o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (Alice-Web), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Por estado
São Paulo continua liderando as exportações de mel, sendo responsável por uma receita de US$ 1,445 milhão. Santa Catarina foi o segundo exportador e Ceará, o terceiro. O quarto colocado foi Rio Grande do Sul, seguido do Paraná e do Piauí. O sétimo e o oitavo no ranking de exportação foram Rio Grande do Norte e Minas Gerais.
O melhor preço foi recebido pelo Estado do Paraná, com US$ 2,68 por quilo de mel, bem acima da média nacional. Santa Catarina, Ceará e São Paulo também receberam preços acima da média. Já o menor preço foi recebido pelo Rio Grande do Norte e pelo Rio Grande do Sul: US$ 2,06 por quilo.
Cenário
Segundo Reginaldo Resende, o cenário continuará sendo favorável ao mercado de mel em função de prováveis reduções na oferta de mel decorrentes de problemas climáticos em vários países. "A exemplo temos a seca na Argentina que reduziu a colheita e a safra de 2008-2009 e ainda há previsão de novas quebras por conta da continuidade da estiagem em algumas regiões produtoras daquele país", diz.
Há também a previsão de redução na produção de mel no Uruguai causada pela seca em algumas localidades e pela mortandade de enxames por uso de inseticidas. Na Austrália, houve perdas de enxames e destruição do pasto apícola em conseqüência dos incêndios.
"Também podemos citar as condições climáticas adversas na Espanha que levou à redução de cerca de 50% na produção de mel da região de Sevilha", destaca Reginaldo. Em vários países da Europa e dos Estados Unidos ocorreram também perdas de enxames.
"Por conta desse cenário, com baixos estoques mundiais de mel e baixa oferta, o setor apícola brasileiro ainda não sentiu a recessão mundial. Porém, em longo prazo, quando os estoques estiverem mais abastecidos, já se espera uma queda nos preços, que hoje se encontram acima da média histórica", ressalta.
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