Durante o Brazil Summit, evento internacional de negócios promovido em São Paulo (24/10) pela revista europeia The Economist, o empresário Fabio Alperowitch, fundador da Fama Investimentos, atacou o mito de que negócios rentáveis não podem ser sustentáveis.
“Empresas que fazem o bem geram menos riscos e trazem mais resultados aos investidores. A Localiza, por exemplo, é sustentável ao substituir carros a gasolina por modelos com etanol”, exemplificou. Outra crença popular, disse o gestor de carteiras, é que defensores do meio ambiente são apenas pessoas de esquerda, pesquisadores ou integrantes de ONGs. “Todos devemos ter essa preocupação.”
Para Alperowitch, a imagem do Brasil está distorcida no cenário internacional: “Nosso papel como investidores é dizer que não podemos rotular os brasileiros como devastadores. Há muita gente fazendo coisas boas aqui. Não podemos generalizar”.
Amazônia
No mesmo encontro, o cientista Carlos Nobre, da Universidade de São Paulo (USP), disse que a onda de desmatamento atingiu 20% da Amazônia. Se esse índice chegar a 40%, alertou, a floresta pode perder parte de suas características e se tornar uma savana (como o cerrado brasileiro).
As agressões ao patrimônio nacional levantaram uma importante discussão: como gerar renda na região amazônica sem agredir o meio ambiente? O cientista garante ser possível - e necessário - fazer negócios sustentáveis. “Precisamos retomar a industrialização na Amazônia e resgatar a Zona Franca de Manaus”, disse.
Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva destacou que uma maneira de gerar produtividade sustentável é mudar o modelo de desenvolvimento econômico do Brasil. “O meio ambiente não precisa brigar com a economia. Eles fazem parte de uma mesma moeda”, defendeu, destacando que criou planos para equilibrar essa balança quando era ministra da área.
A líder da Rede Sustentabilidade acrescentou que a população também deve defender a Amazônia e não deixar essa responsabilidade apenas com o governo. “Nós, como cidadãos, podemos exigir que o produto que compramos tenha qualidade técnica, certificação ética e respeite a população indígena. Se cobrarmos isso, as empresas terão de ofertar à sociedade”, aconselhou.
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