
Brasília - Apesar do desempenho recorde da média diária das exportações para o segundo mês do ano, o crescimento das importações em fevereiro para um patamar também inédito para o período derrubou o saldo comercial brasileiro. O resultado, US$ 394 milhões, é o mais baixo para o mês desde 2002, quando o comércio do país com o exterior registrou superávit de US$ 265 milhões.
Com a recuperação de mercados internacionais, principalmente países emergentes, as exportações brasileiras subiram no mês, para US$ 12,197 bilhões alta de 27,2% ante fevereiro de 2009, quando a crise ainda causava maiores impactos sobre o comércio mundial.
No entanto, o ritmo de crescimento da economia brasileira nos últimos meses, aliado ao câmbio favorável, deu um impulso de 50,8% às importações na mesma comparação, para US$ 11,803 bilhões em fevereiro deste ano. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, o menor saldo comercial já era esperado. "São dois fenômenos interligados. Na medida em que o país exporta mais, precisa importar mais insumos para a produção industrial. Além disso, com o mercado doméstico aquecido, há aumento nas compras para suprir o que não se fabrica no país, afirma.
Embora a base de comparação seja baixa, ele destacou o crescimento das vendas em relação a 2009, sobretudo para a Argentina, cujo aumento nas compras de produtos brasileiros foi de 66,1%, movimento liderado pela cadeia automotiva.
Além disso, disse Barral, o volume de exportações normalmente decola a partir de abril, quando os embarques de commodities, como a soja, intensificam-se. "O superávit pode ser maior nos próximos meses. Provavelmente não teremos déficit no ano, afirmou.
Mas, com o saldo negativo de janeiro em US$ 166 milhões, o primeiro bimestre de 2010 registrou um superávit 81,5% inferior ao do início do ano passado. Diante desse cenário, o mercado já prevê um resultado em torno de US$ 10 bilhões neste ano, bastante inferior aos US$ 25,3 bilhões de 2009.
Para o economista do Itaú-Unibanco Darwin Salles Dib, o descompasso na balança é normal porque as importações tendem a reagir mais rápido ao crescimento doméstico do que as exportações em relação à recuperação externa.



