Os ministros das Finanças dos 27 países-membros da União Européia (UE) decidiram ontem, em Luxemburgo, garantir todos os depósitos até 50 mil euros, em caso de falência dos bancos. É mais do que o dobro das garantias estabelecidas pelo bloco até agora (20 mil euros). Foi o primeira ação coordenada entre os europeus. Até então, cada um estava tomando decisão por conta própria, numa espécie de "salve-se quem puder".
"Vamos estar prontos para reagir na medida que a crise evolua", garantiu a ministra de Economia da França, Christine Lagarde, que presidiu o encontro dos ministros da UE.
Ainda assim, a Europa não conseguiu falar numa só voz. Alguns países resolveram ir mais longe, esticando o limite da garantia dos depósitos para 100 mil euros. Foi o caso da Holanda, Espanha, Áustria, Grécia e Bélgica. Além da garantia de depósitos até 100 mil euros, a Espanha ainda anunciou a criação de um fundo de 30 bilhões de euros para comprar títulos (bons) dos bancos espanhóis, na condição de que eles não fechem a torneira do crédito no mercado.
A França foi ainda mais longe. Ontem, o primeiro-ministro François Fillon disse que o governo vai garantir 100% dos depósitos. O limite de garantia dos depósitos na França já era de 70 mil euros.
Esta disparidade entre os países que garantem mais e os que garantem menos dentro do bloco poderá provocar uma fuga de capital para os países que garantem mais, temem analistas. A idéia inicial era que todos concordassem com garantias de 100 mil euros.
A chanceler alemã Angela Merkel criticou ontem duramente a Irlanda por ter anunciado no dia 30 passado que garantiria todos os depósitos de seus seis bancos durante dois anos. Merkel atacou, sobretudo, o fato de que a garantia do governo irlandês não se estende aos bancos estrangeiros instalados no país, o que cria "uma distorção inaceitável na concorrência", disse a líder alemã.
Estados Unidos
Em decisão radical para tentar destravar o mercado de crédito e a economia nos EUA, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou que passará a comprar títulos de curto prazo de empresas não-financeiras no país. Sugeriu ainda que pode cortar os juros em breve.
A ação no mercado de títulos de empresas (chamados de "commercial papers") é inédita nos 95 anos de história do Fed e representa um risco aos contribuintes. Na prática, a instituição vai emprestar dinheiro a uma empresa sem ter garantias de que receberá o valor de volta, caso a companhia enfrente dificuldades.
O mercado de "commercial papers" nos EUA é a principal fonte de financiamento dos negócios do dia-a-dia. Na semana passada, o volume desses papéis circulando baixou para US$ 1,6 trilhão, o menor em três anos.