Segmento de viagens e turismo foi o mais afetado pela pandemia, aponta pesquisa da PwC| Foto: Skitterphoto/Pixabay
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Sete em cada dez negócios no mundo foram impactados negativamente pela pandemia da Covid, aponta um estudo feito pela consultoria internacional PwC. No Brasil, o reflexo foi um pouco menor: 62% tiveram os negócios prejudicados. A pesquisa ouviu a percepção de mais de 2,8 mil executivos, de 29 setores e de 73 países – 135 dos entrevistados atuam no Brasil.

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Um dos setores mais afetados foi o de viagens e hospitalidade, prejudicado pela forte exposição às políticas de distanciamento social e aos lockdowns.

A estimativa do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) é que, no ano passado, o setor tenha deixado de obter US$ 4,5 trilhões em receitas – o equivalente a três PIBs brasileiros. Cerca de 62 milhões de empregos, ou 18,5% do total, foram perdidos. O turismo doméstico encolheu 45% e o internacional, 69,2%, comparativamente a 2019.

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No Brasil – onde, segundo o WTTC, as viagens e turismo responderam em 2019 por 10,3% do PIB e por um em cada dez empregos –, os serviços de alojamento e alimentação tiveram uma queda de 33,9% na sua receita, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O transporte terrestre encolheu 10,1% e o aéreo, 49,1%.

Outro segmento que teve fortes impactos negativos foi o de educação superior. A pesquisa da PwC aponta que 83% dos negócios foram impactados negativamente. “Eles foram afetados também pela política de distanciamento social, pela queda da confiança e pela queda na renda”, explica Adriano Vargas, sócio da consultoria.

A produção industrial e as montadoras de veículos completam o pódio dos impactados negativamente pela Covid. Oito em cada dez empresas foram afetadas.

No Brasil, a produção industrial caiu 4,5%, de acordo com o IBGE. Um dos segmentos mais afetados foi a indústria automobilística. Dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que em 2020 as montadoras produziram 1,6 milhão de unidades, patamar próximo ao de 2003.

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Os principais impactos

Os principais impactos na atividade econômica foram no modelo de operação das cadeias produtivas, na forma do trabalho e na saúde financeira das empresas.

Muitas cadeias acabaram sofrendo problemas de estruturação com a queda abrupta da produção e a aceleração da demanda, passados os piores momentos da crise. No Brasil, por exemplo, o preço das matérias primas aumentou 66,6% nos 12 meses encerrados em abril, aponta a Fundação Getulio Vargas (FGV).

A forma de trabalhar é um dos impactos mais evidentes das transformações registradas no último ano, aponta Vargas. “Houve uma migração, em muitos casos, da força de trabalho do ambiente presencial para o remoto. E, com isso, houve uma conjugação da vida profissional com a pessoal.”

Outro impacto relevante foi na saúde financeira e na liquidez das empresas. Receitas deixaram de entrar no caixa das empresas e, diante do aumento das incertezas, uma das estratégias adotadas, lembra o executivo, foi a suspensão e o adiamento dos investimentos.

A resposta das empresas

Segundo a pesquisa, 71% dos líderes no Brasil trabalharam com um plano de resposta a crises durante a pandemia, ante 62% dos entrevistados no mundo; e 88% dos brasileiros declararam ter reagido à crise levando em conta as necessidades físicas e emocionais dos empregados, ante 80% dos respondentes globais.

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Por outro lado, apenas 54% dos líderes brasileiros modificaram a estratégia corporativa em resposta à crise, ante 77% dos entrevistados internacionais. Em um exercício de autocrítica, 98% dos líderes de negócios no Brasil afirmaram que seus recursos de gestão de crises precisam ser melhorados, índice pouco acima dos 95% observados globalmente.

A natureza da crise – inicialmente sanitária e que depois teve reflexos econômicos e políticos – acabou assustando muita gente. “Ela teve efeitos profundos sobre a estratégia das empresas”, diz Vargas.

Uma pesquisa feita pela consultoria em 2019 revelava que 95% dos executivos ouvidos pela PwC esperavam por uma crise em um horizonte de dois anos, mas uma pandemia não estava entre as principais ameaças identificadas.

E muita gente foi pega desprevenida. Só 35% das organizações tinham um plano bem estruturado de resposta à crise. “A maioria não se preparou. A pesquisa convida à reflexão e propõe que todos apostem na resiliência como forma de superar tempos difíceis”, diz Leonardo Lopes, sócio da PwC Brasil.

Lições de estratégia que ficam da pandemia

As organizações que hoje estão em melhor situação têm uma probabilidade significativamente maior de terem dado atenção substancial à resiliência organizacional e planejaram como responder a interrupções significativas de seus negócios.

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Segundo a pesquisa, 92% das empresas que tinham um processo de revisão de suas ações em vigor antes da Covid-19 e que realizaram uma revisão formal de sua resposta à pandemia também planejam ter um processo em vigor para crises futuras. Sete em cada dez organizações estão planejando aumentar seus investimentos na construção de resiliência e, entre líderes de risco, esse número chega a nove em cada dez.

“A crise deflagrada pela pandemia mostrou que as empresas não precisam investir em uma ‘receita de bolo’, mas em formas efetivas de resiliência operacional. Isto passa por desenvolver, como alicerce, protocolos de gestão de crises; treinamento e conscientização das pessoas e a integração desses planos à estratégia das empresas”, conclui Vargas.

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