A pandemia fez com que o rombo nas contas públicas disparasse em 2020. O governo federal teve um déficit primário de R$ 743,1 bilhões no ano passado, resultado da diferença entre o que a União arrecadou com impostos e outras fontes de receitas e o total gasto, incluindo as despesas extras para combater os efeitos da Covid-19 na saúde e na economia. O valor é equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado não inclui os valores do pagamento dos juros da dívida, por isso é chamado oficialmente de resultado primário. Foi o sétimo ano consecutivo em que as contas públicas do país fecharam no vermelho. O resultado de 2020 foi o pior de toda a séria histórica, iniciada em 1991. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (28) pelo Tesouro Nacional.
Apesar de ser recorde, o valor ficou melhor do que o esperado. A última projeção da secretaria especial de Fazenda do Ministério da Economia projetava déficit de R$ 831,8 bilhões. A melhora foi provocada por uma receita líquida superior à estimativa em R$ 12,7 bilhões e pela execução das despesas inferior ao projetado em R$ 76 bilhões, segundo o Tesouro.
Já a explicação para o resultado de 2020 está diretamente ligada à pandemia. O governo teve um forte aumento de gastos para combater a pandemia e também acabou arrecadando menos do que o esperado, devido à postergação do recolhimento de impostos e às medidas de restrição adotadas por estados e municípios que derrubaram a atividade econômica.
Em relação a 2019, a queda da receita foi de 13,5%. Já as despesas avançaram 31,1%. A variação é em termos reais, ou seja já descontada a inflação do período.
Antes da pandemia, o governo esperava ter déficit de até R$ 124 bilhões nas suas contas. Essa era a meta de resultado primário. Mas, devido à Covid-19, o Executivo editou um decreto de calamidade pública e o Congresso aprovou o Orçamento de Guerra, dispensando a União de cumprir a meta de resultado fiscal e autorizando os gastos extras em 2020.
Pandemia custou mais de R$ 500 bilhões em 2020
Somente para combater os efeitos da pandemia de Covid-19 na saúde e na economia, o governo gastou R$ 520,9 bilhões em 2020, em valores nominais. A maior despesa foi com o auxílio emergencial, que custou R$ 293,11 bilhões aos cofres públicos. Segundo a Caixa Econômica Federal, quase 68 milhões de pessoas foram beneficiadas com alguma parcela da ajuda governamental.
Depois do auxílio, a segunda maior despesa relacionada à Covid-19 foi a transferência de recursos para estados e municípios. Os entes federativos receberam R$ 78,25 bilhões da União em 2020. Já o terceiro maior gasto ligado à pandemia foi a transferência de dinheiro para os fundos garantidores de crédito, no valor de R$ 58 bilhões. Esse dinheiro foi essencial para colocar em pé os programas de financiamento para micro, pequenas e médias empresas.
O total de gastos extras relacionados à Covid-19 quase alcançou as despesas com a Previdência Social, que tradicionalmente são o maior gasto anual do governo. Em 2020, o governo pagou R$ 663,9 bilhões em aposentadorias, pensões e outros benefícios previdenciários. O segundo maior gasto recorrente foi com a folha de pagamento do funcionalismo público, que custou R$ 321,3 bilhões.
Ainda segundo o Tesouro Nacional, as despesas discricionárias atingiram R$ 108,2 bilhões em 2020. Trata-se do menor valor real da série histórica iniciada em 2008. Elas incluem os gastos para manutenção da máquina pública e investimentos.
A despesa total do governo em 2020, incluindo gastos extras da Covid-19 e despesas obrigatórias e discricionárias, foi de R$ 1,947 trilhão. Já a receita total, descontada as transferências por repartição de receitas, foi de R$ 1,203 trilhão. Ela ficou 13,5% abaixo da receita obtida em 2019, o que também contribuiu para piorar o resultado primário.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast