Padaria de Curitiba: aumento de 5% em 12 meses| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Com safra menor, trigo pode subir mais

O câmbio não é o único fator a influenciar o preço do pão. De acordo com o analista de mercado Michael Prudêncio, da consultoria Safras e Mercado, a projeção de uma safra de trigo menor que a anterior em grandes produtores como Austrália, Rússia e Ucrânia tem contribuído para o aumento no preço do cereal. "O clima não está contribuindo, e o trigo é bastante sensível a esse fator. A estimativa é de perdas quantitativas e qualitativas na safra mundial", explica. "O preço do trigo deve subir ainda mais", afirma. Em 2011, o Brasil consumiu 11 milhões de toneladas do cereal, mas produziu apenas 5,3 milhões. Cerca de 80% do cereal importado vem da vizinha Argentina.

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Presença garantida no café da manhã dos brasileiros, o tradicional pão francês vai ficar mais caro no Paraná a partir de julho. Embora ainda não seja possível definir exatamente o tamanho do aumento, o rejuste é provocado pela alta do dólar, que tem impacto direto no preço do trigo e da farinha, especialmente no Brasil, que importa 63% do cereal necessário para abastecer o mercado interno.

No Paraná, o aumento ainda não chegou ao bolso dos consumidores, explica Vilson Felipe Borgmann, presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep). "O trigo teve um rejuste médio de 8% em maio e os fornecedores já avisaram que o preço deve subir mais".

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Donos de panificadoras de Curitiba dizem que, por enquanto, ainda estão conseguindo absorver o aumento para não repassar o custo ao consumidor. Mesmo assim, o pãozinho já acumula alta de 5,05% em 12 meses, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Curitiba e região metropolitana.

Na padaria América, no bairro São Francisco, o pão francês ainda está sendo vendido por R$ 8,50 o quilo, mas outras especialidades já sofreram reajuste de 5 a 10%, diz a gerente Andrea Engelhardt. "Estamos evitando ao máximo aumentar o preço do pãozinho, que é o carro-chefe". A situação é semelhante na Aquárius Panificadora, no Bacacheri, onde o preço foi mantido a R$ 8,50 por causa da demanda regular de clientes. "Trabalhamos com esse preço há cerca de três meses e pretendemos não repassar esse novo aumento, a não ser que o preço do trigo suba ainda mais", afirmou a gerente Marion Hofstaetter. Antes o preço do quilo era R$ 7,90.

Na panificadora Fabiano Marcolini Alimentare, no Batel, o pão francês é vendido a R$ 9,90 o quilo. Apesar de ter um dos preços mais altos da capital, o proprietário Fabiano Marcolini diz que trabalha com uma margem apertada, mas não teve coragem de aplicar reajustes, com receio de espantar os clientes. "Quando o dólar está acima de R$ 2, o segmento de panificação sofre muito com os custos de matéria-prima", diz. Segundo Anderson Batitucci, gerente da Dona Farinha Pães e Doces, no Uberaba, que vende o pãozinho a R$ 6 o quilo, a matéria-prima vem sofrendo pequenos reajustes desde o início do ano. "Se fôssemos repassar tudo, teríamos que reajustar mais de 10%, mas brigamos com os fornecedores para manter o preço", diz.

Segundo Borgmann, do Sipcep, as panificadoras do estado estão aguardando a estabilização do preço do dólar, além do dissídio coletivo da categoria para formatar planilhas de custo adequadas à realidade de cada uma e, então, calcular o reajuste. "Temos 4.200 panificadoras no Paraná. Seria imprudente projetarmos um reajuste de 5% para todas elas, sendo que os custos são variáveis de acordo com cidade, bairro, tamanho do estabelecimento", explica. Apesar das variações de preço, o custo médio do quilo de pão francês no estado, segundo o sindicato, varia de R$ 6,80 a 7,80.