Embora a expectativa fosse grande, o movimento frenético nos shoppings e no comércio de rua de Curitiba não se traduziu em vendas neste final de ano, para a infelicidade dos lojistas. Depois de um mês de resultados tímidos, bem abaixo do esperado, a maioria ainda tem esperança e aposta nos "atrasadinhos" para recuperar parte das perdas na reta final até o Natal.
De acordo com a Associação Comercial do Paraná (ACP), a estimativa inicial de crescimento era de 7%, mas a três dias do Natal o comércio chegou a apenas 3%, que representa o mesmo percentual de crescimento registrado em 2011. O ticket médio encolheu 16,6% foi de R$ 120 para R$ 100.
Para Antônio Miguel Espolador Neto, proprietário da rede de lojas de calçados Scarpini e vice-presidente da Associação Comercial do Paraná, neste ano os consumidores estão mais inseguros e, consequentemente, mais comedidos na hora das compras. "Na Scarpini, por exemplo, a intenção era crescer 3%, mas acho que vamos terminar no zero a zero", afirmou Espolador.
A maioria dos lojistas está colocando todas as fichas nos últimos três dias que antecedem o Natal. No comércio de rua a torcida é para que tempo colabore e não atrapalhe as vendas, embora haja previsão de chuva para hoje a amanhã. Gerente de duas lojas Squalle, na Rua XV de Novembro, Reinaldo Pereira Bruno, diz que a expectativa sempre é crescer 10% a mais do que o ano anterior, mas essa meta vai ficar distante em 2012. "Apostávamos muito nesse mês de dezembro, mas não houve aquele tradicional tumulto na loja", diz Bruno.
Com a loja praticamente vazia pela manhã, num dos horários de maior movimento do dia, a subgerente da loja Superbonita, Joice Cristina, diz que o fluxo de pessoas interessadas em comprar é tão fraco que até sobra tempo para almoçar tranquilamente. "Em média, cada pessoa está gastando cerca de R$ 100". O resultado é que a cota diária de vendas da loja caiu de R$ 25 mil para R$ 15 por dia. "Acho que as pessoas acharam que mundo iria mesmo acabar hoje [sexta-feira]", brincou uma vendedora da loja, tentando justificar a baixa nas vendas.
A situação também não é nada animadora nas lojas de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Segundo Cléber Moraes, gerente de uma das lojas das Casas Bahia na Avenida Marechal Deodoro, no centro, na medida em que o natal se aproxima a projeção de 20% de crescimento em relação às vendas do ano fica mais difícil. Na lista dos produtos mais procurados estão televisores e celulares, com preços médios de R$ 1.500 mil e R$ 500, respectivamente. "Os consumidores estão endividados. Querem usar o cartão, mas o limite está todo comprometido, então, acabam pagando à vista", afirma Moraes, que acredita no aumento das vendas até segunda-feira.
É a crise
Shoppings também sofrem com desaceleração nas vendas
Nem as promoções, prêmios e comodidade dos shoppings da capital foram suficientes para alavancar as vendas a ponto de superar as expectativas dos lojistas. Embora a situação seja mais confortável que o comércio de rua, as lojas dos shoppings também estão apostando na reta final e no horário estendido em duas ou até três horas para dar um fôlego extra às vendas. Muito estão confiantes e esperam ser surpreendidos pelos tradicionais compradores de última hora.
Na M.Officer do Shopping Paladium a meta inicial era de 40%, mas a gerente Francismara Nazário diz que será possível chegar a 20% de crescimento em relação a 2011. Já na Arezzo do Shopping Curitiba a expectativa de vendas foi mais tímida. "Fizemos as médias e porcentagem de crescimento durante o ano e já esperávamos um avanço menor, em torno de 20%", diz a gerente Bianca Romano Fernandes. Com uma estimativa menor, a loja não deve ter problemas para alcançar a meta, acredita a gerente.
Embora também menor neste ano, o valor do ticket médio nos shoppings costuma ser superior ao do comércio de rua. "Esperávamos uma média de R$ 200 por pessoa, mas estamos vendendo aproximadamente R$ 186", afirma Francismara.