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Indústria

Para Abimaq, câmbio baixo não se traduz em importação de máquinas

São Paulo – A argumentação de que o dólar em baixa favorece a modernização do parque industrial por meio da importação de máquinas e equipamentos, com reflexos positivos sobre a produção, não representa necessariamente uma verdade absoluta. Pesquisa feita pela Área Econômica da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) desmistifica, em parte, esta teoria.

"O real valorizado não estimula as importações na indústria de máquinas. Ao contrário, incentiva a compra do produto final pronto, sobretudo dos países asiáticos, e não sua produção no Brasil", explica o presidente da entidade, Newton de Mello. A tese do presidente da Abimaq foi também defendida pelo economista-chefe da Mauá Investimentos, Caio Megale, ao explicar o baixo desempenho do PIB no segundo trimestre (0,50%), o crescimento de 1,2% no consumo das famílias e a queda de 2,2% na Formação Bruta de Capital Fixa (FBCF).

Para Megale, o crescimento do consumo das famílias não se reflete no PIB porque com o dólar baixo, o ganho de renda e a entrada de dinheiro no mercado via crédito foram desviados para as compras de produtos finais importados. "Ou seja, não se gerou produção aqui dentro", disse Megale, acrescentando que as importações físicas no primeiro trimestre cresceram 10% e mantiveram o mesmo ritmo no segundo, e que as exportações registraram uma expansão de 3% nos primeiros três meses do ano e caíram 5% no segundo trimestre.

Segundo o presidente da Abimaq, os efeitos negativos da apreciação da moeda brasileira podem ainda não ser visíveis nas exportações do setor de máquinas, porque a entidade trabalha com a média dos segmentos. No entanto, já são evidentes as quedas em subsetores como os de equipamentos navais e offshore (-96,5%), de irrigação (-44,5%) e máquinas-ferramenta (-31,6%) no acumulado de janeiro a julho deste ano.

Ainda de acordo com a pesquisa, no acumulado dos primeiros sete meses de 2006, as exportações cresceram 10,4%, passando de US$ 4,8 milhões em 2005, para US$ 5,3 bilhões. Mas a expansão não foi uniforme nos diversos subsetores. Os crescimentos mais significativos ocorreram nos segmentos de equipamentos para fornos e estufas industriais (+55,4%), construção civil (+51,1%) e motores de combustão interna (+50%).

Os números referentes às importações de máquinas e equipamentos, por sua vez, mostraram crescimento de 16,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os valores acumulados foram de US$ 5,5 bilhões para 2006 ante US$ 4,7 bilhões em 2005. "Embora as importações tenham crescido no período, houve declínio no consumo aparente (-0,8%) de máquinas no Brasil, que representa a produção, descontada a exportação e somada a importação", afirma o presidente da Abimaq. Esse fato, a seu ver, demonstra que não está havendo aumento dos investimentos produtivos no país.

Para Mello, apesar do crescimento médio das importações a queda no consumo aparente de máquinas, que passou de R$ 31,2 bilhões para R$ 30,9 bilhões, comprova previsão feita há mais de um ano pela entidade. "A produção nacional, seja industrial ou agrícola está desestimulada pela forte apreciação do real. Com o dólar abaixo de R$ 2,60 o produto brasileiro perde competitividade nos mercados interno e externo. Como setor que é termômetro da economia, há mais de 12 meses alertamos que a apreciação cambial promove a desindustrialização, a crise agrícola, o desemprego e a estagnação econômica", adverte o empresário.

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