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“Todos os principais bancos estavam aqui e celebraram o acordo. Eu confio na indústria automobilística.”Guido Mantega, ministro da Fazenda, ao anunciar o pacote que contará com a “colaboração” de bancos e montadoras | Valter Campanato / ABr
“Todos os principais bancos estavam aqui e celebraram o acordo. Eu confio na indústria automobilística.”Guido Mantega, ministro da Fazenda, ao anunciar o pacote que contará com a “colaboração” de bancos e montadoras| Foto: Valter Campanato / ABr

País está "300% preparado", diz presidente

Presidente reforçou que o Brasil tem um bom grau de proteção para evitar o contágio e não precisará "encostar nenhum tostão do orçamento para expandir o crédito"

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Demanda Franca

Volvo e Mercedes-Benz suspendem produção de caminhões

Agência Estado

No dia em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medidas para ajudar a indústria automobilística a recuperar as vendas, duas grandes fabricantes de caminhões, a Mercedes-Benz e a Volvo anunciaram a suspensão temporária da produção.

As duas alegam necessidade de adequar a produção à demanda. As vendas de caminhões estão em queda desde o início do ano, após a adoção do uso de motores com nova tecnologia, chamada de Euro 5, que encareceu os preços dos veículos em até 15%.

A Volvo, que tem fábrica em Curitiba, vai dispensar do trabalho 1,3 mil funcionários, de um total de 4,1 mil, entre 25 de maio e 6 de junho, período em que deixarão de ser produzidos 100 caminhões ao dia.

A Mercedes-Benz suspendeu ontem toda a produção na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Os cerca de 7 mil trabalhadores da linha de montagem vão ficar em casa por uma semana. A fábrica do ABC paulista produz em média 300 veículos por dia, mas já vinha num ritmo mais lento. Um grupo de 480 metalúrgicos entrou em licença remunerada há duas semanas e deixará de trabalhar durante um mês.

As vendas de automóveis e comerciais leves também estão em queda, mas as empresas responsabilizam a falta de crédito para financiamento e também esperam melhora nesse quadro com as medidas anunciadas ontem.

Benesses

Confira as principais medidas anunciadas ontem pelo governo:

Queda no IOF

Em todos os financiamentos para pessoas físicas, a alíquota do imposto cai de 2,5% para 1,5%. A duração do benefício é indefinida. A medida representa uma renúncia fiscal de R$ 900 milhões em três meses.

Queda no IPI

As alíquotas serão reduzidas conforme o modelo e a motorização do veículo. O incentivo vai até o fim de agosto, e nesse período o governo deve deixar de arrecadar mais de R$ 1 bilhão.

Veículos nacionais:

• Carros flex 1.0: alíquota cai de 7% para zero.• Carros flex de 1.0 a 2.0: de 11% para 6%.• Utilitários flex: de 4% para 1%.• Carros a gasolina: de 11% para 6,5%.

Veículos importados:

• Carros 1.0: alíquota cai de 37% para 30%.• Carros de 1.0 a 2.0: de 41% para 35,6%.• Utilitários: de 34% para 31%.• Carros a gasolina: de 46% para 36,5%.

Bancos

O Banco Central vai liberar parte do compulsório (recursos que as instituições têm de deixar depositados) para financiamentos de veículos. As instituições teriam se comprometido a cortar juros, ampliar o volume de crédito e aumentar o número de parcelas em que os financiamentos são oferecidos.

Montadoras

Comprometeram-se a dar descontos de 2,5% sobre os preços de tabela dos carros com motor até 1.0 e de 1,5% para veículos com motor entre 1.0 e 2.0. Nos utilitários, o desconto será de 1%. As indústrias também assumiram o compromisso de não demitir empregados.

Crédito às empresas

Os juros de parte dos financiamentos do BNDES serão reduzidos até 31 de agosto, em uma renúncia fiscal estimada em R$ 619 milhões.

• Linhas pré-embarque: juro cai de 9% para 8% ao ano.• Ônibus e caminhões: de 7,7% para 5,5% ao ano.• Máquinas e equipamentos: de 7,3% para 5,5% ao ano.• Projetos de obras: de 6,5% para 5,5% ao ano.

R$ 2,719 bilhões

é o custo total das medidas anunciadas ontem. O valor inclui a receita que deixará de ser arrecadada com a redução de impostos e os gastos com subsídios do Tesouro para o BNDES.

Diante do desempenho fraco da economia, o governo decidiu pisar no acelerador e anunciou nesta segunda-feira um pacote R$ 2,7 bilhões para estimular o consumo, principalmente o de automóveis, e a aquisição de bens de capital. Assim como fez na crise de 2008 e 2009, o Planalto cortou impostos, liberou mais dinheiro para empréstimos e reduziu os custos de linhas de financiamento – e, como naquela ocasião, a indústria automobilística foi a principal beneficiada. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, as medidas são resultado de um compromisso "inédito" assumido entre governo, setor produtor e setor financeiro.

O governo zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis de até 1.000 cilindradas e arrancou das montadoras um compromisso de reduzir a tabela de preços em 2,5%. Assim, o preço final dos populares vai cair perto de 10% a partir de hoje. Para os modelos com motor entre 1.000 e 2.000 cilindradas, a expectativa é de que o preço final sofra uma redução de 7%. "Isso atende à demanda do setor", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. "Os estoques estão altos e é preciso fazer girar a máquina da indústria automobilística."

A redução vale até o fim de agosto, e o governo estima que deixará de arrecadar R$ 1,2 bilhão no período. As montadoras se comprometeram a não demitir durante a vigência do acordo. Modelos importados também serão beneficiados pela redução, mas o IPI deles continua 30 pontos porcentuais maior que o cobrado dos veículos nacionais.

Também foi fechado um acordo com os bancos, pelo qual eles vão reduzir o valor da entrada e taxa de juros, além de alongar os prazos de pagamento. Em troca, serão liberados parte dos recursos do compulsório, que hoje as instituições têm de manter depositados no Banco Central.

O objetivo do governo, explicou o ministro, é estimular o investimento – o que, disse, não ocorrerá sem consumo. O setor automotivo, segundo Mantega, era o que mais enfrentava problemas na concessão de crédito, e o governo decidiu agir porque a indústria automobilística tem impactos importantes em toda a economia brasileira.

O governo decidiu, ainda, reduzir a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos para pessoas físicas de 2,5% para 1,5%. Com isso, a arrecadação federal vai cair perto de R$ 900 milhões em três meses. Esse corte não tem prazo para acabar.

O governo também anunciou a redução dos juros cobradas pelo BNDES para bens de capital. "O resultado esperado é reduzir o custo do investimento", afirmou o ministro. A taxa para o financiamento de compra de máquinas para grandes empresas, por exemplo, caiu de 7,3% para 5,5% ao ano. O custo estimado da redução de juros é de R$ 619 milhões.

Meta distante

Mesmo com esse impulso adicional, Mantega avaliou que será difícil crescer 4,5% este ano, previsão oficial do governo. Ele avaliou que a crise internacional se agravou, e foi por essa razão que o governo adotou esse conjunto de novos estímulos.

Montadoras festejam incentivos

Agência O Globo

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Be­lini, festejou os incentivos anunciados pelo governo. Belini disse que a demanda do setor foi atendida, confirmou que os preços dos carros populares vão cair em torno de 10%. "As medidas vão destravar o crédito", disse. "As prestações vão caber no bolso do consumidor com a redução do IPI, do IOF e a liberação do compulsório."

Até recentemente, Belini era um dos maiores críticos da política do governo voltada à redução dos juros bancários, sob o argumento de que nada havia ainda surtido efeito para melhorar as vendas de automóveis.

Segundo o presidente da Anfavea, um dos grandes problemas enfrentados pelo setor automotivo hoje é a dificuldade para renovar estoques, que atualmente acontece em 45 dias, prazo superior ao período tido como normal, de 30 a 35 dias.

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