A piora das expectativas em relação aos próximos meses já começa a afetar negativamente o ambiente econômico da América Latina, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do instituto alemão IFO. O Índice de Clima Econômico (ICE), elaborado pelas entidades, recuou para 5,6 pontos em outubro, após ter atingido 5,9 pontos julho, o maior nível desde abril de 2000. O índice vai de 1 a 9. Quanto maior a avaliação, mais alta é a expectativa positiva em relação ao ambiente econômico.
De acordo com o levantamento, a situação econômica atual continua sendo avaliada como bastante favorável pelos especialistas da região. O Índice de Situação Atual sustentou, em outubro, o patamar recorde de 6,4 pontos.
Para os próximos meses, no entanto, os especialistas têm uma visão mais pessimista. O Índice de Expectativas despencou de 5,4 para 4,7 pontos, o menor desde outubro de 2001. O patamar abaixo de 5 pontos sinaliza expectativas moderadamente pessimistas.
Segundo a FGV, entre os fatores que colaboraram para a perda de confiança no desempenho da economia da região estão a expectativa de desaceleração da economia norte-americana, provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário, e a alta dos preços do petróleo, que beiram o recorde de US$ 100 o barril.
Clima econômico recua no Brasil
Entre os principais países da região, a piora do clima econômico foi mais acentuada no Brasil, México e Chile.
No Brasil, as avaliações sobre o presente e as expectativas para os próximos meses tornaram-se menos favoráveis que as registradas na última avaliação, feita em julho. Apesar do recuo do ICE, o indicador de 6,5 pontos ainda aponta um clima econômico bom para os negócios e expectativas otimistas para os próximos meses.
No ranking entre os principais países, o Brasil passou da sexta para a quinta posição, superando a Colômbia, e atrás do Uruguai, Peru, Costa Rica e Chile.
No México, o índice que mede a situação atual elevou-se em outubro, mas as expectativas para o futuro tiveram a pior queda entre os países da região, refletindo os fortes laços econômicos com os EUA e fazendo com que o país caísse da 8ª para a 9ª posição no ranking. Já o Chile apresenta situação similar à brasileira, com clima econômico bom e expectativa de desaceleração no crescimento.
Os menos favoráveis
Entre os países com clima econômico menos favorável, a maior evolução no ranking foi a da Bolívia, que ultrapassou o México e a Venezuela e ficou na 8ª posição. A melhora do indicador boliviano foi puxada pela recuperação das expectativas de curto prazo.
Entre as principais economias latino-americanas, Paraguai e Equador continuam apresentando os piores indicadores de clima econômico na média dos últimos 12 meses.