São Paulo - Especialistas do mercado automotivo avaliam que a General Motors (GM) do Brasil terá condições de manter sua participação nas vendas de veículos no mercado brasileiro. A avaliação é de que a recuperação judicial que atinge a matriz nos Estados Unidos não deve trazer danos substanciais à imagem da subsidiária local.
Para o diretor de vendas e marketing da consultoria Jato Dynamics Brasil, Luiz Carlos Augusto, a força da Chevrolet (marca adotada pela GM no mercado nacional) no país é comprovada pelo fato de, mesmo com o noticiário desfavorável ao grupo, a empresa ter mantido a terceira colocação em 2008 e no acumulado do exercício vigente. "A imagem deles no Brasil é mais forte do que a quebra da matriz lá fora. A GM do Brasil tem condição de andar sozinha", afirmou. A fatia da montadora nas vendas de automóveis e comerciais leves ao final de 2008 ficou em 20,55%. No primeiro quadrimestre de 2009, a fatia caiu a 18,92%, mas ainda assim a empresa preservou o terceiro lugar, atrás de Fiat (24,35%) e Volkswagen (23,60%).
O analista do setor automotivo da consultoria Creating Value, Corrado Capellano, está certo de que o plano de desenvolvimento de produtos vai continuar, dependendo apenas das evoluções do mercado. "Não vamos nos esquecer de que o Brasil hoje tem grandes competências no desenvolvimento de veículos e que a GM Brasil foi uma das primeiras a apostar na capacidade local de desenvolvimento", destacou.
Na avaliação de André Beer, ex-vice-presidente executivo da empresa no país e dono de consultoria especializada que leva o seu nome, a GM do Brasil "está muito melhor do que qualquer outra empresa fora do país" e teria condições de buscar as primeiras posições do ranking brasileiro de vendas de veículos. Contudo, o consultor enfatiza que a empresa priorizará a rentabilidade em vez de sair em busca de mais presença no mercado.
O responsável no Brasil pelo escritório da consultoria americana CSM WorldWide, Paulo Cardamone, diz que a GM pode, eventualmente, ter sua imagem arranhada e perder ligeiramente sua participação de mercado, "mas isso seria em um primeiro momento". Para contornar esta situação, a empresa terá de continuar investindo e, na avaliação de Cardamone, não poderá se deixar levar por guerras de preço. "Esta estratégia não é inteligente nesse momento por que passa a matriz. A busca é pela rentabilidade", finalizou.