As medidas anunciadas pelo governo nesta segunda-feira (14), que incluem cortes de gastos em R$ 26 bilhões e aumento de impostos, como a CPMF, foram bem recebidos por economistas por apontar um esforço em reequilibrar as contas públicas.
Por outro lado, os especialistas ainda têm dúvidas sobre a viabilidade de implementação de parcela crucial das medidas, como a própria recriação da CPMF e o adiamento de reajuste salarial de servidores públicos em 2016.
Para o economista Francisco Pessoa, da consultoria LCA, o adiamento do reajuste de servidores de janeiro para agosto de 2016, o que geraria economia de R$ 7 bilhões do governo, deve encontrar forte resistência do próprio PT e, por isso, é de aplicação incerta.
“Se as medidas forem implementadas, devem reduzir investimentos e elevar o custo da cadeia produtiva, já que há alta de impostos. Isso pode ter efeito negativo no PIB no curto prazo. No médio e longo prazo, porém, ajuda a recuperar a confiança dos empresários”, disse.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, disse que o mercado reagiu positivamente ao anúncio do governo, com queda do dólar e alta de ações. Para ele, porém, seria ainda cedo para falar sobre as consequências das medidas para a economia.
“É possível que tenha impacto sobre o consumo, já que são bilhões de reais tirados da economia com mais impostos e corte de despesas do governo”, disse o economista-chefe do Fator.
Fabio Klein, economista da consultoria Tendências, disse que foi a primeira vez que o governo anunciou de forma objetiva, ponto a ponto, medidas de corte de gastos da máquina pública. Esse foi um fator positivo para o anúncio do governo.
“São concurso públicos, gratificações, apontando um valor que não é desprezível. Mas foi com atraso e o custo disso foi a perda do grau de investimento. Essas medidas talvez tivessem reduzido a chance de perda de grau de investimento”, disse Klein.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global, existe um efeito temporário das medidas para conter o avanço do dólar e dos juros futuros, já que aponta que o governo ainda está comprometido em salvar com as contas públicas brasileiras.
Ele disse, porém, que as medidas não resolvem o problema das contas públicas de médio e longo prazo.
“O impacto de médio e longo prazo, que as agências de rating consideram em suas avaliações, vai melhorar quando tivermos reforma tributária, mudança na idade mínima da Previdência. São questões que terão que ser negociadas e serão difíceis no atual contexto”, disse Velho.