O governo tenta neste ano destravar o leilão de pelo menos 21 concessões na área de transporte. Se for bem-sucedido, estará dada a largada para o investimento de quase R$ 70 bilhões na expansão de aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. Mas, na avaliação de especialistas, o potencial de atração de investimentos é bem menor, de R$ 13 bilhões, cerca de 20% do total.

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As concessões seriam uma alternativa para superar, em parte, a paralisia que toma conta da área de infraestrutura. “Temos uma série de projetos com muita atratividade e estamos conversando com investidores de todas as áreas, fazendo ajustes, para que os leilões sejam bem-sucedidos”, diz Maurício Muniz, Secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Ministério do Planejamento, que está na coordenação das concessões.

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Mas analistas consultados pelo Estado afirmam que conseguir deslanchar esse processo não será tarefa fácil, dado o atual cenário político e econômico. Ao longo de todo o ano de 2015, o ajuste fiscal levou a cortes em obras bancadas pelo poder público. Pesou contra também o fato de grandes construtoras terem sido arrastadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A expectativa para 2016 é tão ruim quanto a do ano passado: há atrasos nos pagamentos de projetos e suspensão dos trabalhos em canteiros espalhados pelo país. O governo estuda até um chamado “Novo PAC” para reanimar a indústria da construção civil.

A retomada nesse segmento teria efeito multiplicador benéfico. Estudos indicam que, para cada R$ 1 investido em infraestrutura, cria-se um efeito indireto da ordem de R$ 1,5 na economia como um todo.

Isso ocorre porque a infraestrutura movimenta diferentes setores, criando efeitos positivos sobre a geração de emprego e renda. Concluídos, os projetos ainda elevam a qualidade e a agilidade dos serviços.

Cenário magro

Para que as concessões vinguem, entretanto, o governo precisa contornar uma série de obstáculos. O maior deles é o temor dos investidores de fazer investimentos num momento em que já se sabe que a recessão brasileira será longa. “O cenário é magro”, define Frederico Bopp Dieterich, advogado especializado em infraestrutura do Azevedo Sette Advogados. O escritório participou de mais de 100 projetos de infraestrutura nos últimos cinco anos, a maioria de grande porte, como rodovias federais e aeroportos internacionais.

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Para se ter uma ideia do período de baixa que o setor atravessa, os negócios mais vibrantes do ano passado foram pequenos e médios empreendimentos em saneamento, hospitais e iluminação pública.

Outro desafio do governo será recuperar a confiança dos investidores. “Hoje, você não sabe exatamente onde esse governo quer chegar”, diz Dieterich. “Antes, com Joaquim Levy na Fazenda, havia uma divisão dentro do governo. Com a saída dele, agora essa divisão é menor, mas, a rigor, ninguém sabe o que vem por aí: precisamos esperar para ver.”