O anúncio da Telecom Italia de que recebeu duas ofertas pela TIM Brasil pode ser o prelúdio de uma disputa muito aguerrida entre a espanhola Telefónica e sua rival mexicana América Móvil pelo controle da segunda maior operadora de telefonia móvel brasileira, disseram nesta terça-feira analistas em Madri e Londres.
``Em nossa opinião, a América Móvil pode ter chegado primeiro (em termos de apresentação de proposta), mas a Telefónica fará uma contra-oferta'', afirmou o Merrill Lynch em uma nota aos clientes, onde rebaixou a ``neutra'' sua recomendação de investimento para ações do grupo espanhol.
Um porta-voz da operadora espanhola disse que a empresa não comentava sobre ``rumores de mercado''.
A Telefónica divide com a Portugal Telecom o controle da Vivo, principal operadora brasileira de telefonia móvel, com 28,5 milhões de assinantes e participação de mercado de 29,9 por cento (ante 25,1 por cento para a TIM Brasil).
A terceira maior operadora de telefonia móvel do país, a Claro, é controlada pela América Móvil, e tem 23,1 por cento de participação de mercado.
O presidente da Telefónica, César Alierta, já anunciou que a operadora pretende reforçar sua presença no Brasil, um dos mercados de maior potencial na América Latina, e se declarou disposto a adquirir as ações da Portugal Telecom na Vivo.
``O pior cenário para a Telefónica seria que não tivesse a certeza de assumir o controle total da Vivo e ao mesmo tempo a América Móvil assumisse a liderança do mercado brasileiro'', segundo a Merrill Lynch.
A companhia tem valor de mercado de cerca 19 bilhões de reais, segundo dados da Bovespa ao final de outubro. O Merrill Lynch estima que o valor da empresa (incluindo dívidas) atinja os 8,8 bilhões de euros.
Uma aquisição dessa ordem superaria em muito o compromisso de Alierta de investir no máximo 1,5 bilhão de euros em aquisições até o final de 2007, sem considerar a venda de ativos estratégicos.
O UBS também considera possível que a Telefónica participe de uma disputa no Brasil. ``A Telefónica poderia se ver forçada a realizar uma transação dispendiosa'', afirmou o UBS, acrescentando que, caso contrário, ela ficaria longe demais do futuro líder de mercado brasileiro porque América Móvil e TIM deteriam mais de 50 por cento de participação no setor de telefonia móvel.
Os analistas do Morgan Stanley afirmaram que a compra da TIM Brasil facilitaria a implementação da tecnologia GSM pela Vivo. Por outro lado, o Morgan Stanley disse não ter certeza sobre a necessidade de aprovação da Portugal Telecom para uma eventual compra que a Telefónica venha a fazer de outra operadora de telefonia móvel no Brasil.