Se em 1998, quando aconteceu a privatização da Telebrás, o objetivo era massificar o acesso ao telefone fixo, o país enfrenta agora o desafio de universalizar a internet de alta velocidade. A banda larga fixa ainda está restrita a capitais e cidades com grande densidade demográfica e, mesmo nesses casos, utiliza infraestrutura de rede antiga. Já na internet móvel predominam os acessos através da rede 3G, enquanto países desenvolvidos se preparam para o lançamento da cobertura em 5G.
As cidades do interior do país e com poucos moradores são as mais prejudicadas. As regiões Norte e Nordeste reúnem nove estados que possuem cobertura igual ou menor do que 50% em banda larga fixa. O ideal, segundo parâmetros internacionais, seria que a internet de alta velocidade atingisse 90% da população.
E mesmo nas regiões em que a cobertura é mais abrangente, há o problema da velocidade. Metade das conexões de internet fixa no país é feita através da tecnologia xDSL, que compreende a ADSL, que já está ultrapassada. “O que acontece nas grandes cidades é que são poucos os bairros que têm as redes mais modernas, como de fibra ótica”, afirma o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude.
Com o problema da abrangência e da velocidade, o consumidor se vê obrigado a recorrer à internet móvel. O problema é que a opção é normalmente mais cara que a fixa ou, no caso dos planos mais baratos, com uma velocidade menor. Tanto que no país o maior número de acessos é feito através da tecnologia 3G. Há, também, 50 milhões de linhas que utilizam a cobertura 2G.
Investimentos
Para solucionar o desafio da internet no país, especialistas apontam que são necessários investimentos em redes de fibra óptica, no caso da banda larga fixa, e em antenas 4G, para a móvel. Somente levando essas tecnologias para lugares ainda não atendidos será possível ampliar o acesso dos brasileiros à internet de velocidade.
A questão é como viabilizar esses investimentos, já que as operadoras têm pouco interesse em melhorar a infraestrutura em locais não rentáveis, principalmente no caso da internet fixa. “Para você ter internet fixa de alta velocidade, você tem que construir redes, seja de fibra ótica ou mista. O que a gente vê hoje é que essas redes estão construídas apenas nas cidades maiores”, explica Tude.
Para o presidente da Teleco, os investimentos só acontecerão se o governo diminuir a carga tributária e dar incentivos fiscais para as teles levarem à tecnologia aos lugares não atendidos.