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Pessimismo do consumidor é recorde

O índice de confiança do consumidor norte-americano, apurado pelo instituto privado de pesquisa Conference Board, caiu para 25 pontos neste mês. Trata-se do pior nível desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1967 – baixando a marca recorde anterior, de janeiro, quando o índice ficou em 37,4 pontos (dado revisado). O índice ficou muito abaixo do esperado pelos analistas, que esperavam um recuo para 35,5 pontos. Há um ano, o indicador estava em 76,4 pontos. O dado referente à situação atual da economia caiu para 21,2 pontos, contra 29,7 de janeiro. Já o índice referente às expectativas para os próximos seis meses caiu para 27,5 pontos, contra 42,5 pontos um mês antes. "Olhando adiante, as preocupações crescentes sobre as condições de negócios, emprego e ganhos afetaram ainda mais a confiança e levaram as expectativas para o menor nível já registrado", disse em um comunicado a diretora de pesquisa do instituto, Lynn Franco. Segundo a diretora do Conference Board, as preocupações dos consumidores sobre a inflação, que haviam diminuído recentemente, voltaram a crescer.

Folhapress

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se preparava para fazer um discurso perante o Congresso, no qual falaria sobre seus planos de recuperação da economia, Ben Bernanke, o comandante do Federal Reserve (Fed), a autoridade monetária norte-americana, tentava ser otimista ao traçar previsões diante do Comitê Bancário do Senado. Para ele, é possível que a crise comece a ser superada ainda neste ano e que 2010 seja "um ano de recuperação".

A principal mensagem que Bernanke passou, no entanto, é a de que os EUA sofrem uma "severa contração" e, para vencê-la, será preciso usar ainda em 2009 todos os instrumentos de que o Congresso, o Poder Executivo e o Fed dispõem. As maiores dúvidas levantadas durante o discurso do presidente do Fed pairam sobre a possibilidade de piora no cenário internacional, principalmente na China e na Europa, e se os baixos níveis de confiança de empresas e consumidores, detectados por pesquisas recentes, se transformarem em condições ainda mais adversas de mercado. "Esse panorama da atividade econômica é alvo de considerável incerteza, e eu acredito que, de uma forma geral, os riscos de irmos para baixo são muito maiores que os de subirmos", reconheceu Bernanke.

Imóveis

Em outro sinal dessas incertezas, os preços dos imóveis residenciais nos EUA tiveram queda de 18,2% no quarto trimestre do ano passado na comparação com o mesmo período de 2007. Trata-se do maior recuo no índice Standard&Poor's/ Case-Shiller – um dos principais indicadores do mercado imobiliário americano – já registrado nos 21 anos em que a pesquisa é realizada. Os dados foram divulgados ontem pela manhã.

A retração nos preços, embora à primeira vista pareça uma boa notícia para eventuais compradores, na verdade indica o aprofundamento da crise. Os americanos, já afetados pela escassez de crédito e pela incerteza quanto ao mercado de trabalho, encontram na perspectiva de que os preços continuem a cair mais um motivo para adiar a compra da casa própria.

Com esse adiamento, os estoques de imóveis não diminuem, as construtoras reduzem a atividade, prejudicando o desempenho do setor da construção civil.

Bolsa

Os investidores interpretaram de forma positiva as declarações de Bernanke. O índice Dow Jones, termômetro das 30 ações mais negociadas da Bolsa de Nova Iorque, subiu 3,3%. O mercado Nasdaq, de papéis ligados à tecnologia e às comunicações, valorizou-se 3,9%, enquanto o indicador seletivo S&P 500 teve alta de 4%. Todos eles recuperaram parte das fortes perdas sofridas na segunda-feira, quando foi divulgado que o governo norte-americano estava negociando a compra de 40% do Citigroup e temia-se uma onda de estatização bancária.

Bernanke fez questão de frisar que esse tipo de saída só será buscada em último caso. "Não precisamos do controle acionário para trabalhar com os bancos", disse, acrescentando que as agências reguladoras já têm poder de supervisão suficiente para ajudar na recuperação das instituições em dificuldades.

Previsões

Bernanke reafirmou as previsões contidas na ata da reunião de política monetária do Fed realizada no mês passado: para este ano, a taxa de desemprego deve ficar entre 8,5% e 8,8%; a economia deve ter queda de 0,5% a 1,3%, antes de começar a se recuperar a partir de 2010, com um crescimento de 2,5% a 3,5%, e com índices talvez mais altos em 2011.

Para o presidente do BC americano, se as condições dos mercados financeiros melhorarem, "a economia vai ganhar apoio crescente dos estímulos fiscal e monetário, do efeito saudável da queda acentuada nos preços da energia e do melhor alinhamento entre os estoques das empresas e as vendas finais".

Recessão

A economia dos EUA está em recessão desde dezembro de 2007, segundo o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (Nber, na sigla em inglês). A explicação técnica de recessão, pelos critérios desse instituto, é um significativo declínio na atividade econômica e que costuma durar mais que alguns poucos meses: ela começa quando a economia atinge um pico do ciclo econômico e termina quando atinge o ponto mais baixo. Para o Nber, a economia americana atingiu um pico em dezembro de 2007, marcando o fim do ciclo de expansão começado em novembro de 2001 e o início da atual contração.

O critério mais comum para determinar se um país está em recessão ou não, no entanto, é uma sequência de dois trimestres consecutivos de desempenho negativo do Produto Interno Bruto (PIB). Por essa avaliação, a economia dos EUA também está em recessão – no quarto trimestre de 2008 houve uma contração de 3,8%, antecedida por uma queda de 0,5%.

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