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Em 2007, "só se chover na horta", a economia brasileira crescerá 5%. As palavras são do economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, ao se referir ao reduzido nível de investimentos privados verificados este ano.

Segundo o economista, que divulgou nesta quinta-feira a terceira sondagem anual feita pela CNI sobre intenções de negócios do empresariado, o atual ritmo de investimentos é insuficiente para assegurar o crescimento desejado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— O problema é que, para crescer, é preciso investimento e as condições efetivas para esse aumento do investimento ainda são desfavoráveis — sublinhou Castelo Branco.

O levantamento da entidade mostrou que parte da indústria optou por cancelar ou adiar investimentos previstos para 2006, devido ao crescimento econômico menor que o estimado, mas ainda assim acredita que a capacidade produtiva atual é suficiente para atender à demanda projetada para 2007, mostrou a pesquisa.

"Chama a atenção que a percepção de folga no parque produtivo ocorre, ainda que os investimentos previstos para 2006 ficassem abaixo do esperado; ou seja, os empresários acreditavam em uma expansão da demanda que não se concretizou'', apontou a CNI, em um comunicado.

A percepção de capacidade instalada suficiente foi registrada especialmente nos setores Material eletrônico e de comunicação, Borracha, Máquinas e materiais elétricos e Farmacêuticos.

Segundo a sondagem, 85% das empresas consultadas pretendiam investir mais em 2006, mas apenas 36% fizeram o aporte como haviam planejado. Outras 43% fizeram apenas investimentos parciais e 21% dos industriais cancelaram ou adiaram os planos.

"Os investimentos calculados para este ano ficaram aquém do esperado sobretudo nos setores de calçados, madeira e móveis", destacou a entidade.

A sondagem indicou ainda que apenas 16,1% dos empresários disseram que sua capacidade produtiva não é suficiente para atender à demanda estipulada para o próximo ano.

Ainda segundo a pesquisa, os empresários demonstraram pouca propensão a investir em máquinas e equipamentos em 2007, o que reflete a folga no parque produtivo deste ano. A maioria das indústrias (80%) acredita ter capacidade produtiva suficiente para atender a demanda do próximo ano.

— A frustação do crescimento se traduz na frustação do investimento. Em 2007, as empresas estão pouco propensas a aumentar as compras de bens de capital. Mais da metade das pequenas e grandes empresas não se sentem seguras quanto ao crescimento do consumo — resumiu Castelo Branco.

A questão cambial, segundo o economista da CNI, também influiu nos ânimos dos empresários, na pesquisa.

— O dólar barato continua agredindo setores altamente dependentes da exportação como calçados, madeira, borracha e têxtil — ressalta.

A sondagem da CNI contou com a participação de 1.581 empresários, 1.366 dos quais de pequenas e médias indústrias e outros 215 de empresas de grande porte. A forte carga tributária e os juros altos ainda impactaram nas companhias de menor porte: apenas um terço realizou os investimentos conforme o planejado. Entre as grandes, 51% cumpriram o cronograma.

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